Cerca de 30 personalidades da área de Economia, Gestão e Engenharia subscrevem um documento fortemente crítico da aposta do Governo no hidrogénio, lembrando a falta de maturidade da tecnologia, os custos que o país já teve com a subsidiação das renováveis e a falta de apoio à população portuguesa que se encontra em estado de pobreza.
Num manifesto enviado, esta quinta-feira às redações, os assinantes afirmam ser contra a aposta do Governo no hidrogénio, considerando que “o país não pode mais uma vez embarcar numa aventura como a estratégia do hidrogénio, que absorverá uma parte significativa dos recursos, financiando projetos sem rentabilidade”.
https://jornaleconomico.pt/noticias/governo-vai-financiar-ate-40-milhoes-de-euros-projetos-de-hidrogenio-verde-611168
O conjunto de redatores pede que sejam realizados ” investimentos produtivos”, nomeadamente nas exportações, e que “promovam a modernização e dinamização da estrutura produtiva ou infraestruturas estratégicas”. Desta forma, Portugal poderá reduzir a pobreza no país “e evitar que continuemos a caminhar para a cauda da União Europeia”.
“Só com projetos viáveis, competitivos, com uma adequado equilíbrio no financiamento e na partilha de riscos entre os fundos públicos afetos ao projeto e o investimento privado, que aumentem a competitividade no sector dos bens transacionáveis se poderá aumentar a nossa taxa de crescimento potencial, garantir empregos bem remunerados e fomentar a coesão económica e social”, lê-se no documento.
O manifesto chega um dia depois do Governo ter anunciado um investimento de 40 milhões de euros em projetos de hidrogénio. Segundo João Galamba, que anunciou a medida, esta quarta-feira via comunicado, Portugal apresenta “condições únicas” com os “recursos certos” e “alta competitividade” para liderar a transição energética na Europa e para produzir hidrogénio verde na Europa.
O grupo salienta que não existe “racionalidade económica” para investir “na produção de hidrogénio” pelo menos nos próximos 10 a 15 anos.
“Não podemos repetir o maior erro na introdução maciça das renováveis na década dos anos 2000 que foi o investimento em tecnologias que ainda estavam imaturas. Entrar na economia do hidrogénio em força como o Governo pretende é repetir, com custos ainda mais elevados, esse erro”, concluem.
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