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Manuela Simões sai da Tranquilidade para ser a nova diretora jurídica da TAP

Atual Head of Legal and Compliance da seguradora vai ocupar o lugar deixado vago no início do ano por Stéphanie Silva, mulher do atual ministro das Finanças, Fernando Medina.
19 Outubro 2022, 12h34

Da Tranquilidade para a TAP. Manuela Simões, atualmente na gestão executiva da seguradora Tranquilidade, vai ser contratada para o lugar de diretora jurídica da companhia aérea, ocupando um lugar deixado vago por Stéphanie Silva, mulher do atual ministro das Finanças, Fernando Medina.

Manuela Vasconcelos Simões é a Head of Legal & Compliance da Seguradora Tranquilidade desde julho de 2015. Antes disso tinha estado nove anos nas mesmas funções (Head of Legal & Compliance) na divisão portuguesa do Deustche Bank AG. Atualmente, Maria Vasconcelos Simões – companheira do ex-secretário de Estado da Justiça João Tiago Silveira (do governo PS de José Sócrates) – integra o Comité de Gestão Executivo da seguradora como General Counsel.

Em declarações ao JE, Manuela Simões confirmou a mudança para a TAP e mostrou-se consciente da polémica recente em torno das contratações por parte da CEO da companhia, Christine Ourmières-Widener, afastando desde logo qualquer relação de amizade ou conhecimento com a atual administração ou gestão da companhia. “Não conheço nenhum elemento da administração da TAP ou da equipa de gestão. Chego à TAP após um processo de seleção conduzido por uma empresa de head-hunting”, disse Manuela Simões, escusando-se a dizer que empresa de head-hunting está em causa.

Já em outubro de 2020, o Governo tinha anunciado a contratação de uma empresa de head-hunting, no caso a Korn Ferry, para a escolha do CEO (na altura para ocupar o lugar do interino Ramiro Sequeira).

O cargo de diretora jurídica da TAP tem estado rodeado de problemas. Em primeiro lugar porque foi por este gabinete que passaram os polémicos despedimentos de pessoal na companhia devido ao plano de reestruturação aprovado por Bruxelas em troca da ajuda do Estado português. O processo motivou críticas dos tripulantes, pilotos e demais trabalhadores pela utilização do que consideraram ser um “algoritmo cego” que colocou na lista para sair funcionários que tinham faltado por baixas médicas. O que levou a que muitos pilotos despedidos tenham contestado a decisão em várias instâncias judiciais com vista à reintegração.

Manuela Simões está consciente dos problemas acrescidos da TAP, afirmando que “é uma empresa com muitos desafios”.

“Acho que uma empresa como a TAP tem muitos desafios. Desde logo o desafio do plano de reestruturação negociado com Bruxelas, depois o desafio de ultrapassar o Covid-19 e desafios de reorganização genéricos. Tem muitos desafios”, disse a gestora.

Mas sente-se à altura da situação. “Tenho experiência em grandes empresas: o Deustche Bank cresceu para uma sucursal em Portugal [durante os nove anos em que esteve lá], depois na Tranquilidade, que ficou em situação financeira complicada na sequência da falência do BES e depois foi reorganizada pelos acionistas americanos e depois italianos. Foram sempre desafios no sector privado, e agora surge o convite da TAP. Mas era um desafio suficientemente atraente para aceitar”, completou.

Stéphanie Silva tinha deixado o cargo no mesmo dia em que Medina assumiu o cargo de ministro das Finanças. Silva, que trabalhava no gabinete jurídico há pouco mais de um ano, recebeu um prémio de 17.800 euros em junho de 2019, num ano em que a TAP teve prejuízos. O ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, criticou abertamente a entrega de prémios naquela fase.

A TAP está a receber dos contribuintes portugueses ajudas que podem ascender a 3,2 mil milhões de euros.

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