Os desafios para as empresas nacionais conseguirem crescer são vários e, na sua maioria, sem uma evolução significativa nos últimos anos, mantendo-se os mesmos: falta de mão-de-obra, carga fiscal e burocrática exagerada, licenciamentos e justiça morosos e custos crescentes, sobretudo energéticos. Os empresários garantem que continuarão a fazer o seu caminho, mas confessam também a sua frustração perante a inação em várias frentes.
No painel ‘Do que precisam as empresas para crescer?’ da Rota do Crescimento, evento realizado em Braga esta quarta-feira, empresários de vários ramos tiveram oportunidade de expor vários entraves que experienciam no seu processo de ganho de escala, desde a falta de mão-de-obra, tanto especializada, como não, até ao ambiente fiscal complexo e instável do país.
Em tom irónico, o CEO da Soguima, António Guimarães, começou por pintar um cenário diametralmente oposto ao que vive, falando de uma realidade sem dificuldades de contratação, licenciamentos expeditos e uma fiscalidade adequada. No entanto, abordando a questão mais seriamente, estes problemas refletem, no geral, uma desadequação entre o ritmo das empresas e o da administração central.
“Como podemos ficar um ano à espera de uma decisão da Câmara Municipal?”, questionou, lembrando que frequentemente as decisões empresariais já estão tomadas – com as consequências associadas – aquando das respostas das autoridades ou do poder político. “Os nossos timings não são os mesmos dos da administração e não somos nós que temos de nos adaptar, é a administração”, completa.
“Isto condiciona a nossa tomada de decisão e evolução”, acrescentou José Bárbara, sócio-gerente da KrofTOOLS, dado que esta espera representa um entrave real à tomada de decisões pelas empresas.
Além da divergência em termos de prazos, há também um “desfasamento” claro na formação dos profissionais, acrescentou Ricardo Salgado, vice-presidente da Associação Empresarial do Minho. Tal fica bem patente quando se constata que a falta de profissionais em áreas críticas para o país, com a saúde à cabeça, esbarra na não abertura de novas vagas para estes cursos nas universidades.
Muitos destes problemas e entraves, continuou, seriam solucionáveis com vontade política e foco governativo – algo que escasseia no país. “Muda o Governo, mudam os ministros, mudam os secretários de Estado e fica tudo na mesma”, critica, embora reconheça que “alguns [destes políticos] tenham vontade de mudar” o país. O problema é que “há toda uma máquina montada que faz com que desistam”, ao que acresce a “falta de um desígnio nacional”.
Braga recebe o primeiro evento da Rota do Crescimento, um novo projeto do Jornal Económico, que irá reunir decisores políticos, associações e empresários, para discutir os apoios às pequenas e médias empresas, neste percurso que une várias cidades do país.
Este é um projeto inovador de partilha de informação que servirá, certamente, para criar sinergias entre os vários players económicos e que conta com o apoio da Sabseg, Crédito Agrícola, Yunit e InvestBraga.
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