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Mar vermelho inunda Wall Street

Hoje, sexta-feira 28 de Fevereiro, será um dia importante, na medida em que se as quedas persistirem, poderemos ter um aumento do ruído do receio em torno da propagação do coronavírus.
Chip East / Reuters
28 Fevereiro 2020, 11h51

Quinta-feira 27 de Fevereiro foi um dia nos mercados financeiros como há muito não se via. Mas comecemos pelo óbvio. Foi um absoluto dilúvio de vendas, nada escapou à esmagadora pressão vendedora derivada do pessimismo quanto ao desenvolvimento da progressão da epidemia do coronavírus, nomeadamente na Califórnia, onde o seu governador disse que mais de 8.000 pessoas estão a ser monitorizadas e testadas para aferir se estão infectadas.

Outro dado relevante é o caso de um paciente infectado, mas que o U.S. Center for Disease Control and Prevention não conseguiu para já ligar à epidemia. Ou seja, não se conseguiu ainda perceber onde esteve exposto ao vírus, o que aumentou o nível de incerteza sobre a possibilidade de uma proprpagação oculta fora das rotas conhecidas dos turistas.

Seja como for, o resultado final não deixou qualquer dúvida, nem a tentativa de rebound técnico no nível dos 3.000 pontos do S&P 500, que referi ontem, foi digna de registo, uma vez que rapidamente os ursos empurraram o principal índice accionista mundial para uma desvalorização de -4,42%, curiosamente o mesmo resultado do Dow Jones. Foi a mais rápida entrada em território de correcção da história para o índice mais abrangente, com uma perda superior a -10% em apenas cinco sessões e a caminho da pior semana desde a crise financeira de 2008.

Ao nível dos sectores foi quase tudo corrido com perdas de -4 a -5%, salvo as empresas do ramo da saúde e industriais que perderam para cima de -3%, enquanto nos índices o destaque vai para a melhor prestação das small caps, com o Russell 2000 a ceder -3.54%, o que é normal tendo em conta que estas empresas foram igualmente as que menos subiram nos últimos anos.

Contas feitas, e numa semana apenas, os investidores limparam os ganhos dos quatro meses anteriores, estando agora Wall Street num canal de estabilização que durou de Maio a Outubro do ano passado. Ou seja, uma zona de potencial suporte, até porque no seu limiar inferior fica igualmente a zona mais relevante de longo prazo, o território dos ursos, que não chegou a ser alcançado na correcção de 2018, naquele que foi o período mais pessimista desde que começou o bull market há mais de dez anos.

Hoje, secta-feira 28 de fevereiro, será um dia importante na medida em que se as quedas persistirem, poderemos ter um aumento do ruído do receio, o que poderá levar os bancos centrais, e principalmente a Fed, a dar alguma indicação de mudança de mentalidade, por exemplo, através de declarações dos seus membros mais influentes.

Nada que nos possa admirar, visto que os juros da dívida norte-americana têm vindo a cair e estar sobre a mesa a probabilidade de um corte nos juros por parte do banco central norte-americano já na próxima reunião, a subir, o que por sua vez levaria a um provável alívio no pessimismo de curto prazo.

O gráfico de hoje é do S&P500, o time-frame é semanal.

 

 

Apesar da violência da queda, o indicador stochastic (em baixo), ainda está muito elevado, não sendo por isso expectável que o índice encontre alguma estabilidade nas próximas semanas.

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