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A marca nacional de carteiras que é uma referência

É umas mais bonitas ligações entre moda e arte. Colocar Amadeo de Souza Cardoso nas suas carteiras foi um golpe de génio desta marca portuguesa que ainda vai dar muito que falar.
25 Outubro 2016, 11h05

Portugal é muito forte na indústria de calçado, mas por algum motivo não tinha uma marca de acessórios, sobretudo em pele, à altura. A Âme Moi, marca criada em 2013 por Alberto Gomes e Margarida Jacôme veio preencher essa lacuna e em pouco tempo – pouquíssimo na realidade- assumiu-se como uma cobiçada marca de luxo internacional, com presença em lugares tão icónicos como o Harrods ou o Selfridges em Londres.

Todas as carteiras são manufaturadas no atelier em Vila Nova de Famalicão, por experientes mãos portuguesas.Hoje a marca emprega já 8 artesãs dedicadas em exclusivo a produzir as cerca de 1500 carteiras produzidas o ano passado. E se a ideia é naturalmente crescer, a aposta passa sempre pela qualidade e exclusividade dos produtos, nunca pela quantidade. Até porque o preço médio de uma Âme Moi rivaliza com o das grandes marcas de moda mundiais.

Desde a sua génese que identificou três pilares fundamentais como fonte de inspiração: a arte, a “portugalidade” e o mundo equestre. Até porque tanto a família dos fundadores como a designer, Carlotta Costa, são ávidos praticantes de equitação. Ao ponto de a Âme Moi ter um centro hípico nas instalações. A tradição nacional está bem evidente nas carteiras inspiradas nas mantas alentejanas, e na arquitetura portuguesa. A colecção desta estação foi claramente beber à fonte de Lisboa, os seus bairros e símbolos icónicos e, na próxima, a ligação ao mundo equestre será mais evidente ainda, como foi possível admirar durante o show de Anabela Baldaque no Portugal Fashion, onde as manequins desfilaram com peças Âme Moi.

Apesar de estar para breve a criação de uma nova loja online, a aposta da Âme Moi foi e mantém-se na presença em pontos-chave um pouco por todo o mundo. As coleções são apresentadas em Milão, e tem representantes em S. Petersburgo, Alemanha, Espanha e Coreia do Sul, que se está a revelar um dos mercados mais fortes, junto com Inglaterra. Ficou a faltar uma cidade importante, Paris, e essa é a próxima grande aposta na marca. Foi precisamente por isso que Alberto e Margarida visitaram a exposição que o Grand Palais organizou em honra de Amadeo de Souza Cardoso, “o último grande segredo da arte moderna”.

clown-cavalo-salamandra-amadeo-de-souza-cardoso

A ideia para uma coleção de homenagem estava em marcha… Contactaram então a sobrinha neta do pintor, Isabel Rebello Andrade, que rapidamente aceitou juntar-se à equipa. Nascia assim a Pour Lucie, uma ode ainda ao amor que uniu o artista a Lucie Pecetto, por quem Amadeo se apaixonou em Paris e com quem mais tarde se viria a casar. Esta carteira é pois um pouco de tudo isto: a arte de um artista maior, em Portugal e no mundo, uma história de amor e um saber artesanal produzido com os melhores materiais disponíveis.

E ainda temos o cavalo, já que o quadro escolhido para a primeira peça foi Clown, Cavalo, Salamandra. Na carteira encontramos assim uma réplica do cavalo da pintura e a pala da carteira, e a crina em diversos tons de azul, foram colocados de forma a recriar o movimento do cavalo. Na pala – que foi invertida em relação à carteira Chiado, onde se baseia – foi utilizada uma técnica de sublimação com relevo para conseguir representar o padrão do corpo do cavalo.

Este o projeto não termina aqui, prevê o lançamento de seis carteiras no total, sempre em edição limitada. À cadência de uma nova peça por estação, a ideia é que em 2018, o ano em que se comemora o centenário da morte do artista, a coleção esteja completa e possa ser apresentada na totalidade.

A colecção Pour Lucie está exclusivamente à venda na Loja das Meias, ou no site da marca.

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