[weglot_switcher]

Marcas de luxo já perderam milhões com protestos em Hong Kong

Alguns economistas estimam que, caso os protestos continuem, é possível que aconteça uma recessão. A Bloomberg avança que grandes marcas como a Disney e Prada têm sofrido grandes impacto desde o início das manifestações. Ao todo, já se registaram perdas de 560 mil milhões de euros.
15 Agosto 2019, 18h44

São dez semanas seguidas, apenas com alguns dias de intervalo. Os protestos em Hong Kong começaram a 6 de julho mas intensificaram-se durante a primeira semana de agosto. Apesar de já ter apresentado diversos golpes económicos devido à guerra comercial entre os EUA e a China, a economia de Hong Kong está a ser severamente afetada.

Os protestos começaram por ser pontuais, com marchas durante o fim de semana mas a situação rapidamente escalou e desde o dia 30 de julho que se tornou diária. O gás lacrimogéneo da polícia contra os manifestantes parece estar a dispersar mais rápido o turismo e as vendas do que os próprios protestantes.

A Bloomberg avança que grandes marcas como Disney e Prada têm sofrido grandes impactos desde o início das manifestações. A companhia aérea Cathay Pacific Airways cancelou centenas de voos após o aeroporto ter sido encerrado devido aos confrontos sentidos no país.

De acordo com a agência norte-americana Bloomberg, cerca de 622 mil milhões de dólares (560 mil milhões de euros) em ações de valor de mercado foram eliminadas desde o início do mês de julho, sendo que os analistas estão preocupados que os valores das propriedades possam apresentar grandes quebras.

No segundo semestre, o produto interno bruto de Hong Kong cresceu 0,6% e os analistas da Bloomberg Economics estimam que a crescente agitação possa aumentar a possibilidade de uma recessão.

As manifestações dos cidadãos de Hong Kong estão a pressionar a primeira-ministra Carrie Lam, sendo que já correram dois meses e meio desde a primeira. No início, o mercado das ações ainda permaneceu estável mas enquanto a violência aumentava o mercado seguia o caminho contrário.

Alguns economistas estimam que caso os protestos continuem é possível que aconteça uma recessão, embora o governo de Hong Kong se tenha comprometido a tomar medidas para sustentar a economia. O índice de mercado Hang Seng, desde o dia 2 de julho, acumulou perdas de 12%.

As maiores marcas de luxo e os grandes retalhistas estão a dar conta de um arrefecimento das vendas. O grupo Swatch, a Compagnie Financière Richemont, Prada, Ralph Lauren e Levi Strauss estão entre as marcas de luxo mais atingidas pelo encerramento de lojas e pela redução do número de turistas. O grupo hoteleiro InterContinental também relatou uma diminuição nas viagens de negócios.

Os analistas estimam uma quebra entre 30 e 50% no número de visitantes estrangeiros durante o mês de junho, quando começaram as manifestações. As receitas do casino de Macau também apresentaram quebras na ordem dos 3,5% em julho.

Os transportes também estão a ser afetados, nomeadamente os voos para o país. Os manifestantes fecharam o aeroporto por um dia e causaram o caos, com mais de 200 voos cancelados. O preço das ações do operador de metro caiu 19% desde meados de julho, enquanto as ações da Cathay Pacific Airways caíram 20% desde julho.

O mercado da habitação de luxo manteve-se estável, embora os analistas estimem uma perspetiva em baixa. As propriedades numa zona residencial perto do aeroporto foram vendidas aos preços mais baixos desde há dois anos. O maior fomentador imobiliário de Hong Kong viu o preço das suas ações caírem em 20%.

Também os grandes magnatas e as suas famílias viram o seu preço cair de forma drástica. Com uma fortuna avaliada em 31 mil milhões de dólares (28 mil milhões de euros), o homem mais rico de Hong Kong, Li Ka-shing, viu a sua fortuna cair cerca de 12% desde o início dos protestos.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.