Marcelo Rebelo de Sousa reagiu à morte de Mário Soares, referindo que “travado o seu penúltimo combate, partiu do nosso convívio de todos os dias, o presidente Mário Soares. Mário Soares nasceu e formou-se para ser um lutador, e para ter uma causa para a sua luta – a liberdade. A liberdade em Portugal, a liberdade na Europa, a liberdade no mundo”.
O presidente da república frisou que foi pela liberdade que o fundador do partido socialista “se viu perseguido, preso e deportado, e viveu no exílio até 1974, que por ela se bateu durante os conturbados anos da revolução. Que liderou um partido, fez ouvir a sua voz nos parlamentos portugueses e europeu. Chefiou vários governos, presidiu aos destinos da pátria. Mas foi sobretudo como lutador pela liberdade que se revelou determinante para criar a nossa democracia, a votar a nossa constituição. A ver a lusofonia como comunidade de estados soberanos e irmão. A pedir a adesão às comunidades europeias e a subscrevê-la. Sonhando com uma Europa das pessoas e da solidariedade. A abrir a nossa diplomacia ao mundo. A condenar as violações dos direitos humanos e as intolerâncias internacionais. A defender a igualdade que permitisse a verdadeira liberdade, num quadro de verdadeiro socialismo democrático, lusíada, europeu, atlântico, universalista e progressista”.
“Como toda a personalidade de eleição, conheceu a glória e o revés, os amores e os desamores de cada instante. Mas há imagens únicas que ninguém esquecerá – A presença corajosa ao lado de Humberto Delgado, a resistência a partir do exilio, a chegada a Santa Apolónia, o discurso na fonte luminosa, o debate com Álvaro Cunhal, a disponibilidade para servir como primeiro ministro em duas crises financeiras graves, a tenacidade no termo da 1ª volta das presidenciais de 1986, o calor irrepetível com os portugueses nas presidências abertas, a alegria no dialogo com as gentes da cultura, o sonho de um Timor-Leste independente, a presença na manifestação contra a intervenção no Iraque. A partilha de todos estes e outros lances com Maria de Jesus Barroso – a sua companheira de luta. O homem era sempre o mesmo, a causa também a mesma – a liberdade”, disse o Presidente da República.
Marcelo referiu ainda que “terminada a penúltima pugna da sua vida, resta a Mário Soares como inspirador travar um último combate, aquele em que estamos e estaremos todos com ele. O combate pela duradoura liberdade com justiça na nossa pátria comum. Que o mesmo é dizer, o combate pela imortalidade do seu legado. Um combate que iremos vencer porque dele nunca desistiremos. Tal como Mário Soares nunca desistiu de um Portugal livre, de uma Europa livre, de um mundo livre. E no que era decisivo, ele foi sempre vencedor”.
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