O Presidente da República e candidato à reeleição Marcelo Rebelo de Sousa voltou a recusar-se a comentar as ideias políticas defendidas pelo Chega, dizendo numa entrevista à RTP, perante a insistência do entrevistador, que “há várias ideias que me incomodam em vários partidos, uns mais do que outros”, mas que não considera que faça parte das funções do chefe de Estado solicitar a ilegalização do partido liderado por André Ventura ou de qualquer outra força política,
Apesar disso, Marcelo Rebelo de Sousa deixou uma alfinetada ao candidato que mais votos lhe disputa à direita nas presidenciais de 24 de janeiro, referindo que a primeira versão do programa do Chega implicava “implodir o Serviço Nacional de Saúde e era contra a escola pública”, tendo sido entretanto alterada. E acrescentou ser contra a pena de morte e a prisão perpétua, a qual tem sido defendida pelo partido como moldura penal para os crimes mais graves.
“A melhor maneira de lutar por ideais é o combate das ideias e não a interdição de secretaria”, defendeu o candidato a um segundo mandato no Palácio de Belém, realçando que cabe ao Tribunal Constitucional apurar se leis e partidos são contrários à Constituição da República Portuguesa e repetindo que quando se fala de um partido é preciso olhar não só para os seus dirigentes mas também para os seus eleitores. “Sou o Presidente de todos os portugueses”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa.
E foi recorrendo ao exemplo de Cavaco Silva em 2015, quando deu posse ao Executivo de António Costa apesar de o PS ter obtido menos votos e eleito menos deputados do que a coligação de centro-direita Portugal à Frente, que deixou claro que dará posse a um governo de direita que assegure apoio parlamentar minoritário, tal como aconteceu nos Açores, mesmo que dessa vez o PS seja mais votado.
Apesar disso, Marcelo Rebelo de Sousa disse que não antecipa a realização de eleições legislativas antecipadas, pois acredita que “há condições para que quem viabilizou um Orçamento possa viabilizar mais”, e acrescentou que, “apesar de em todos os primeiros-ministros haver a tentação de querer ir para eleições sempre que há coligações negativas”, nunca identificou tal vontade em António Costa.
“O primeiro-ministro é muito institucionaliza e sabe que avançar para eleições por iniciativa do Governo é um risco enorme”, disse na entrevista à RTP, apesar de não afastar o cenário de dissolução da Assembleia da República se não houver apoio ao Executivo.
Quanto à desilusão de parte da direita portuguesa com a sua proximidade com o Executivo de António Costa, Marcelo Rebelo de Sousa voltou a dizer, como em entrevistas anteriores, que vetou “como nenhum outro Presidente no primeiro mandato” e fez muitas observações e críticas. “Não estive com o Governo, estive com os portugueses”, disse.
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