O programa Mares Circulares celebra este ano o seu quinto aniversário de existência e, na semana passada, fez o balanço geral.
Em cinco anos de existência, o programa já formou cerca de dez mil cidadãos, com especial foco nas escolas, além de ter recolhido 8,7 toneladas de resíduos ao longo de todo o projeto.
Trata-se de um projeto de sensibilização que realiza intervenções em praias e ambientes aquáticos. O Jornal Económico falou com Ana Sofia Ribeiro, coordenadora do departamento de sensibilização, educação e formação ambiental da Liga para a Proteção da Natureza (LPN), um dos principais parceiros do programa.
Qual o balanço de cinco anos de programa Mares Circulares?
Criado em 2018 e focado na literacia para os oceanos, o programa Mares Circulares é um projeto ambicioso promovido pela Coca-Cola e coordenado em Portugal pela Liga para a Protecção da Natureza (LPN), que tem como objetivo a limpeza das costas e fundos marinhos, a sensibilização dos cidadãos e o desenvolvimento e promoção de uma economia circular.
O balanço destes cinco anos de Mares Circulares em Portugal é bastante positivo, atualmente assistimos a um crescimento exponencial em termos de colaborações, alcançando cada vez mais entidades e integrado um número muito significativo de voluntários e pessoas sensibilizadas para a problemática do lixo marinho e para a promoção da economia circular.
Qual o papel desta iniciativa na sociedade?
O Mares Circulares vem promover uma maior literacia para os oceanos, dando destaque à problemática do lixo marinho, sendo a sensibilização e formação do público dois dos principais objetivos que pretendemos alcançar. É muito importante que se perceba que o problema do lixo marinho vem do nosso dia-a-dia e só com uma mudança de mentalidades e de atitudes é que conseguiremos mitigar este problema. No Mares Circulares promovem-se orientações práticas de como ser mais sustentável, de forma consciente e responsável, apoiando e incentivando também à criação de soluções práticas e inovadoras no âmbito da economia circular.
Como alertam para a problemática do lixo marinho e nas praias?
Um dos eixos estratégicos do Mares Circulares é a sensibilização e formação, sendo que todas as entidades, escolas ou outros grupos, que colaboram com o Mares Circulares têm uma ação de sensibilização e de capacitação para este tema, em que abordamos sempre as principais fontes de lixo marinho e como podemos e devemos tentar mitigar o problema através dos nossos comportamentos.
De que forma é importante envolver a comunidade neste projeto?
Envolver a comunidade é de extrema importância, já que todos nós somos responsáveis pelo problema do lixo marinho, pelo que todos devemos estar alerta e sensibilizados para estas questões de forma a podermos mudar ou melhorar os nossos comportamentos e torna-los mais sustentáveis e amigos do ambiente.
Nas limpezas de praia, os participantes atuam de forma ativa na recolha de informação sobre os resíduos que recolheram, pesando e identificando as diferentes tipologias de resíduos recolhidos. Toda esta informação é depois centralizada numa plataforma do Mares Circulares, que reúne a informação dos diferentes resíduos recolhidos ao longo das diferentes intervenções realizadas a nível ibérico.
Como se pode envolver mais a sociedade?
Para que a sociedade se envolva na problemática do lixo marinho e na preservação do oceano, é importante que, acima de tudo, esteja devidamente informada do problema e que tenha consciência do que é preciso e possível fazer para o corrigir. A sociedade necessita perceber que faz parte da solução, através das escolhas, atitudes e comportamentos conscientes e responsáveis que faz no dia-a-dia.
No programa Mares Circulares, para além das ações de sensibilização é feita ainda uma capacitação de todos os participantes para que as ações de limpeza possam ser replicadas, sempre que for necessário e houver também essa vontade. Os dados recolhidos por cada grupo/entidade são importantes também para se poder ter um panorama mais global para a evolução do lixo marinho nas nossas praias.
As escolas podem e devem fazer mais?
As escolas têm vindo a trabalhar cada vez mais ao nível da Literacia para o Oceano, no entanto há muito ainda para fazer, passando por promover um maior envolvimento dos alunos na criação de soluções concretas, seja na promoção de campanhas de sensibilização na comunidade escolar ou envolvente, na promoção de recolhas de resíduos em ambientes naturais (na praia ou a montante), na inventariação dos resíduos mais abundantes nas praias próximas da sua escola ou mesmo na promoção dum projeto que promova a economia circular dentro da escola.
No caso do Mares Circulares, gostaríamos de ter uma maior adesão das escolas ao Concurso Mares Circulares para escolas, que ocorre em todos os anos letivos, e onde podem mostrar ideias e projetos inovadores para combater a problemática do lixo marinho ou incentivar a economia circular.
O número de voluntários subiu exponencialmente no último ano. O que esperam das ações deste ano?
Este ano de 2023 já voltámos a ultrapassar os valores obtidos em 2022, pelo que a nossa expectativa é que o projeto continue a crescer, que continue a criar sinergias com as entidades locais que de alguma forma já trabalhem esta temática e que continuemos a alcançar cada vez mais pessoas, para que possam também elas ir passando esta mensagem tão importante.
Devem existir apoios para este tipo de iniciativas?
Consideramos que é sempre importante existirem mais incentivos para uma maior literacia dos oceanos, seja nas escolas ou mesmo na comunidade em geral.
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