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Margarida Balseiro Lopes: atrair os jovens para a política também é pensar no melhor para eles

A líder da Juventude Social-Democrata considera que é necessário ir ao encontro dos mais jovens, mesmo que não sejam militantes dos partidos políticos.
16 Julho 2018, 07h30

Margarida Balseiro Lopes falou, na última conferência do International Club of Portugal, de um desinteresse pela política, transversal à sociedade portuguesa, sublinhando que a situação é particularmente grave no caso dos jovens – especialmente depois de um estudo, encomendado pela Presidência da República em 2015, ter revelado que apenas 20% dos jovens acreditam num bom funcionamento da democracia. Ainda assim, a jovem deputada e líder da JSD revelou ao Jornal Económico acreditar que, para atrair os jovens para a política, existem “diversas formas”, “fazendo as coisas de forma diferente”.

Esta ideia foi ilustrada com o alargamento da sua equipa de campanha interna a pessoas que não eram militantes do partido, puxando-as para dentro da ‘Jota’. “Arranjei cinco embaixadores que eu considerava [constituírem] um exemplo em diversas áreas”. Por exemplo, no desporto, como a campeã nacional de boxe; na investigação, chamando um investigador premiado pela Gulbenkian; ou no empreendedorismo, convidando o CEO da WiiGo.

“Uma das melhores coisas que eu posso ter é poder contar com pessoas que, não sendo militantes, começaram a colaborar com a JSD”, disse.

Além disso, considera que será necessário ir também ao encontro destes. Nesse sentido, em defesa dos jovens, debruçou-se sobre as residências dos estudantes do ensino superior, enquanto dimensão do direito à habitação. Para aqueles que “não têm 300 euros nem 400 euros para arrendar um quarto, que é o que está a ser pedido em Lisboa e no Porto”, as residências são uma necessidade. “Em Lisboa, para mais de 100 mil alunos do ensino superior público, há duas mil camas; no Porto, para mais de 4.000 alunos, temos 1.000 camas disponíveis”, apontou.

Apresentou propostas para construir mais residências e para requalificar as residências existentes, mas que carecem de melhorias, e, mediante o pagamento de uma renda, “contratualizar em estruturas de proximidade [que] podem ser [entidades] privadas, autarquias ou do terceiro setor”. Os partidos da ‘Geringonça’, por “preconceito ideológico”, chumbaram as propostas “com o argumento de que não faz sentido contratualizar com entidades que não sejam o Estado, porque isso é desresponsabilizar o Estado”.

A líder da JSD qualificou ainda de “contrassenso” o facto de as despesas com o veterinário serem dedutíveis em sede de IRS em vez das “despesas com as creches, que não o são atualmente”, exemplo de uma medida proposta pela JSD “cujos destinatários [principais] são os jovens e as crianças. E, para as cerca de oito mil crianças institucionalizadas no país, Margarida Balseiro Lopes revelou que “se a JSD deve (…) falar para jovens e para crianças, deve também e sobretudo falar para aqueles que normalmente [e ainda] não têm voz”.

Debruçou-se também sobre o papel importante que a educação desempenha na formação cívica e política dos jovens. Para Margarida Balseiro Lopes, esta formação não tem que necessariamente ocorrer nas salas de aula, citando um exemplo “fantástico” de um residente de 16 anos de Santa Maria da Feira que, no âmbito de um projeto da respetiva autarquia, teve a oportunidade de experimentar “ser presidente da câmara durante um ano letivo”. Nessa experiência, disse, “aprendeu mais sobre democracia e participação na comunidade do que em dez aulas sobre formação cívica”.

Para atrair os jovens, há que pensar diferente. “Participem todos na política”, disse, “é muito importante”.

Artigo publicado na edição semanal do Jornal Económico. Para ler a versão completa, aceda aqui ao JE Leitor

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