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“Marginalização de África no comércio mundial não mudou muito”, diz ex-dirigente da ONU Carlos Lopes

Carlos Lopes, antigo adjunto do secretario-geral das Nações Unidas, defendeu este sábado em Lisboa que a Zona de Livre Comércio Continental (ZLEC) pode contribuir para acelerar a industrialização da região.
25 Maio 2019, 11h37

O guineense Carlos Lopes, que foi adjunto do secretario-geral das Nações Unidas, alertou este sábado que a participação de África no comércio mundial é atualmente inferior a 3%. No “1º Fórum de Economistas das Cidades de Língua Portuguesa”, em Lisboa, o antigo dirigente defendeu que a Zona de Livre Comércio Continental (ZLEC) pode contribuir para acelerar a industrialização da região.

“A marginalizarão de África no comércio mundial é antiga e não mudou muito. É chocante, mas a sua participação no comércio mundial ainda é inferior a 3%, apesar de um mil milhões de habitantes a mais do que em 1963”, disse Carlos Lopes numa intervenção subornada ao tema “A África e o protecionismo inteligente”.

O antigo dirigente da ONU considerou que “a situação não mudou radicalmente: habilidades fracas, produtividade e atividade económica débeis”. Carlos Lopes enumerou diversos desafios, como o “regras rígidas”, “complexo de financiamento”, “propriedade intelectual concentrada” e “regras assimétricas”.

“Quer queiramos ou não, a África está atrasada em muitos pontos. Perdeu a transformação estrutural, que viu o valor produzido passar da agricultura para o setor industrial. Encontrar oportunidades de negócios tornou-se ainda mais difícil para os retardatários. Eles devem percorrer a distância de uma maratona à velocidade dos melhores velocistas”, acrescentou.

Para Carlos Lopes “uma grande zona não tarifária está se tornando atraente para o investimento estrangeiro direto, mas também para as pequenas e médias empresas que podem entrar nas cadeias de valor transfronteiriças ou sub-regionais longe da concorrência global”.

“O ZLEC pode impulsionar significativamente o comércio intra-africano, desde que seja implementada com determinação”, acrescentou.

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