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Maria de Lurdes Rodrigues: “Temos que nos manter competitivos e procurar uma projeção internacional”

A reitora do ISCTE-IUL diz ao JE que a internacionalização ocupa um lugar chave na estratégia da instituição e do Ensino Superior, em geral. Admite problemas com os vistos dos estudantes extra-comunitários e defende uma política de formação e de sensibilização junto dos consulados portugueses nos vários países. É fundamental que se tornem “mais ágeis”, afirma.
Cristina Bernardo
10 Setembro 2024, 07h30

O mercado português é pequeno e a crise demográfica acentuará essa pequenez. O mundo está lá fora. Maria de Lurdes Rodrigues, reitora do ISCTE-IUL, diz ao Jornal Económico que a internacionalização é fundamental na estratégia da Escola e do Ensino Superior português, em geral.  “O desafio que se coloca ao ensino da Gestão, como ao de outras áreas de ensino, é a internacionalização”.

Com quatro mestrados portugueses entre os melhores do mundo, o Financial Times Masters in Management 2024 contribui para reforçar a reputação global de Portugal na área da educação em Gestão, tornando o país mais atrativo para os estudantes internacionais.

“A participação nestes rankings abre muitas portas para a internacionalização, para a atração de alunos estrangeiros, mas também para o posicionamento dos nossos estudantes nacionais nas escolas internacionais”, explica Maria de Lurdes Rodrigues ao JE. A reitora do ISCTE salienta os ganhos da participação que advêm de um espaço “mais aberto, mais cosmopolita, mais internacionalizado”, que beneficia “as escolas, os estudantes, mas beneficia também as nossas empresas”, ou seja, o país, como um todo.

Em Portugal, os programas de mestrado foram criados depois do 25 de Abril e são pilares no desenvolvimento das empresas. A antiga ministra da Educação lembra este caminho recente: “No ISCTE estamos bem cientes da importância que esta data teve na organização destes cursos para a modernização das empresas”.

O caminho tem vindo a ser percorrido por várias universidades. Citamos, a título de exemplos, as companhias do ISCTE no ranking da  Gestão: NOVA SBE, da Universidade NOVA de Lisboa e Faculdade de Economia da Universidade do Porto, entre as públicas, e Católica-Lisbon, escola de negócios da Universidade Católica Portuguesa (regime de Concordata). “Um caminho muito positivo”, que tem permitido a estas Escolas estarem ao “serviço da modernização do país, da modernização da indústria, da modernização das empresas com a adoção de procedimentos mais racionais, de organização de gestão dos recursos, de internacionalização, e de gestão, também dos recursos humanos”.

No ranking de 2024, o ISCTE subiu consideravelmente no número dos alunos internacionais. “Temos uma origem diversificada para os nossos alunos estrangeiros”, revela, acrescentando que há uma maioria de alunos europeus, um número significativo de alunos que vêm da China, asiáticos, de outros países próximos, bem como do Brasil e dos PALOP (Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa).

Os alunos extra comunitários enfrentam muitas vezes um escolho no caminho: os vistos. Maria de Lurdes Rodrigues considera que é uma ” questão crítica, sensível, coloca questões de segurança, mas as universidades colaboram com as autoridades nacionais para resolver o problema dos vistos”. Os problemas, adianta, colocam-se sobretudo ao nível dos consulados. “Muitos não estão preparados para a afluência de estudantes de fora do espaço europeu que pretendem vir para a Europa e para Portugal”, justifica.

Seria importante que os consulados se tornassem “mais ágeis e mais centrados nesta nossa necessidade de internacionalização e de atrair alunos de todo o mundo”, salienta. No sentido dessa melhoria, propõe “uma política de formação e de sensibilização junto dos consulados portugueses nos vários países”, de forma a evitar que levantem problemas onde estes não existem.

A reitora diz ao JE que no ISCTE, a estratégia de internacionalização é para manter a atual linha de rumo, que passa por “continuar a cuidar da qualidade”. Justifica: “Não chega apenas ter uma estratégia para atrair mais alunos e mais alunos estrangeiros internacionais. Temos que manter os níveis de qualidade do ensino e da investigação que fazemos nesta área e temos que nos manter competitivos e procurar uma projeção internacional que permita o reconhecimento da nossa universidade, dos nossos estudantes e o reconhecimento das nossas empresas, que sobretudo são as instituições que servimos com o nosso trabalho”.

O ISCTE, conclui, forma “quadros técnicos superiores e gestores que contribuem para que as empresas portuguesas se internacionalizarem, se modernizem e funcionem melhor, num ambiente competitivo em que têm de atuar”.

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