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Presidente do Bankinter: “Não vamos comprar mais nada em Portugal”

O Bankinter Portugal duplicou os resultados e viu o negócio de banca comercial subir 5% para 4,1 mil milhões de euros e o negócio do crédito a empresas disparar 42% para 1,3 mil milhões de euros. A aposta no futuro é o crescimento orgânico através do aumento da quota na banca de empresas e crescimento do negócio de banca privada.
24 Janeiro 2019, 10h44

O Bankinter em Portugal duplicou os  resultados mas a CEO do Bankinter em Espanha, Maria Dolores Dancausa, na conferência de imprensa de apresentação de resultados anuais, disse que o crescimento orgânico é a estratégia para o país vizinho.

Maria Dolores Dancausa garantiu mesmo na conferência de imprensa em Madrid que “não vamos a comprar mais nada em Portugal”.

O Bankinter Portugal, que é uma sucursal, alcançou um resultado antes de impostos de 60 milhões de euros, mais 92% do que o registado em 2017. Em termos líquidos o banco em Portugal terá tido cerca de 42,6 milhões  (se abatermos 29% de impostos).

Destaca-se a subida da margem financeira em Portugal de 13% num ano (de 73 milhões para 82 milhões). As comissões subiram 24% para 44 milhões de euros.

A sucursal viu no entanto os custos subirem 1,2% para 88,2 milhões de euros. Mas em 2017 tinha tido um aumento de custos de quase 25%.

O negócio total do Bankinter Portugal  (resultados antes de impostos) pesou 8% do total do grupo, se expurgarmos os seguros, o negócio bancário em Portugal pesa já 10%.

No que toca à qualidade da carteira de crédito, o banco libertou provisões para crédito (+117% de 13 milhões para 29 milhões).

Maria Dolores Dancausa disse que o rácio de mora do banco em Portugal baixou de 7,4% para 3,5%, em boa parte, devido à venda em outubro de uma carteira de crédito malparado de 128 milhões de euros. Isto teve um impacto positivo em resultados de 10% em resultados.

O Bankinter fechou um acordo com a empresa britânica Arrow Global Limited para vender por 66,4 milhões de euros uma carteira de créditos de cobrança duvidosa e vencidos do seu negócio em Portugal. A carteira correspondeu a créditos morosos com garantia real e com garantia pessoal no valor de 134,7 milhões de euros (dos quais 128 milhões  de euros são NPL e o resto são garantias) e  créditos incobráveis no montante de 227,5 milhões de euros (write-off).

Alberto Ramos, CEO em Portugal,  explicou que a redução do rácio de NPL se deveu à venda da carteira à Arrow Global, à recuperação de crédito, mas também ao crescimento 12% da carteira de crédito  (melhoria do denominador),

O Bankinter Portugal viu o negócio de banca comercial subir 5% para 4,1 mil milhões de euros e o negócio do crédito a empresas disparar 42% para 1,3 mil milhões de euros. O que soma uma evolução do negócio em Portugal de 12% para 5,4 mil milhões de euros.

A aposta do banco para Portugal centra-se no crescimento orgânico sobretudo no crédito a empresas e banca privada, disse Alberto Ramos, CEO do Bankinter em Portugal. O Banco lembra que um estudo da DBK dá o private banking em Portugal com quinto maior em termos de volume de ativos sob gestão.

“Abrimos dois centros de private banking no ano passado e não vamos abrir mais centros de private banking, mas vamos reforçar a equipa de colaboradores”, disse Alberto Ramos.

O banco abriu dois centros de empresas em 2018 e quer abrir quatro em 2019. O objetivo é voltar  a ter o mesmo crescimento no crédito a empresas em 2019 que teve em 2018.

A aposta no crédito ao consumo, que é uma das apostas em Espanha, não vai passar de uma linha de negócio do Bankinter Portugal, ou seja, não está previsto abrir nenhuma sucursal de consumer finance em Portugal. Normalmente as unidades de Consumer Finance são independentes dos bancos para que o rácio de mora, tradicionalmente mais elevado, neste tipo de crédito em pontos de venda, não “estraguem” os rácios de malparado em termos consolidados. Mas o Bankinter, ao contrário do CaixaBank, decidiu não autonomizar esta atividade e por isso é uma linha de negócio da sucursal lusa do banco espanhol.

 

Bankinter tem ROE de 13,2%, muito maior que a média portuguesa 

Resultado líquido do Bankinter, sexto maior banco espanhol, e o quinto maior em capitalização bolsista, fixou-se em  526,4 milhões de euros, um crescimento de 6,3%.

A banca espanhola compara bem com os seus pares ibéricos no que toca à rentabilidade, ao estar confortavelmente nos dois dígitos. O Bankinter destaca entre os pontos fortes evidenciados nestes resultados, a rentabilidade, com um ROE, ou rentabilidade sobre o capital investido, de 13,2% (+4% face a 2017), que continua a colocar o Bankinter numa posição de liderança entre os restantes bancos espanhóis.

Em Portugal, na Síntese de Indicadores do Sector Bancário com dados referente ao 3º trimestre de 2018 da APB é visível a melhoria dos indicadores de rentabilidade. Mas nos primeiros nove meses do ano, os bancos (que obtiveram resultados líquidos positivos de 1.552 milhões) apresentaram um ROE médio 8,7%.

 

Malparado do Bankinter não chega aos 3%

No que diz respeito à qualidade de ativos, o Bankinter mantém os seus valores numa situação “excelente”, sobretudo quando comparado com os bancos portugueses. O Bankinter viu reduzida a taxa de incumprimento total do Grupo para menos de 3%, mais concretamente para 2,90% (-55 pontos percentuais face a 2017), menos de metade da média setorial em Espanha, que, segundo dados de novembro, rondava os 6%. O que se deve à fraca exposição ao setor do imobiliário durante os anos da bolha. Relativamente ao incumprimento no Grupo apenas em Espanha, assiste-se a uma redução da taxa para 2,84%. Isto é, a atividade em Portugal piora o rácio de NPL do banco espanhol.

Em Portugal, nos primeiros nove meses do ano 2018, segundo dados da APB, o Rácio de NPL médios dos bancos portugueses diminuiu para os 11,3% (era de 13,3% no fim de 2017). Face a dezembro de 2017, o sector bancário português reduziu em 5,8 mil milhões de euros o valor bruto destes ativos não produtivos, que se situa agora nos 31,2 mil milhões de euros.

O Bankinter anunciou uma redução do custo do risco de 13% para 0,19%.

O banco liderado por Maria Dolores Dancausa salientou ainda a tendência similar da carteira de ativos imobiliários adjudicados, que registou uma redução em 2018 para um valor bruto de 348,2 milhões de euros, quando no final de 2017 se situava nos 411,6 milhões. A cobertura sobre adjudicados é de 44,4%.

A venda de ativos com um valor contabilístico de 150 milhões foi feita a 101 milhões de euros, o que traduz um desconto de 2%. A cobertura média das vendas dos ativos ronda os 41%.

O banco continua a ser um banco industrial e o crédito a empresas representa 30% do total de crédito do banco espanhol. No entanto a banca de retalho pesa 28% e o crédito ao consumo já está nos 11%.

A carteira de clientes de crédito ao consumo subiu 18% para um total de 1,3 milhões e o montante concedido subiu 34% para 2 mil milhões de euros. Os novos créditos ao consumo subiram 46% para 632 milhões de euros.

Apesar da subida a margem ajustada ao risco é de 9,2%, o rácio de mora neste créditos está nos 8,4% com um custo de 2,9%.

O banco em Espanha tem 92,5% de clientes digitais.

A CEO disse ainda que o Bankinter ainda não tem autorização dos supervisores (BCE) para a anunciada aquisição do EVO Banco SAU, com vista à aquisição do negócio bancário do EVO Banco em Espanha e da sua filial de crédito ao consumo na Irlanda, Avantcard.

A CEO disse ainda que o portal financeiro Popcoin  poderá abrir em Portugal, mas não se sabe ainda quando.

Entre as últimas propostas, o Bankinter destacou “a consolidação da Popcoin [plataforma de gestão de património online] como um dos roboadvisors mais apreciados pelos investidores digitais, e o primeiro da sua categoria lançado por um banco, que gere já um património de 4 milhões de euros, procedentes de mais de 1.000 utilizadores dos quais dois terços não são Clientes do banco”.

Por sua parte, o banco espanhol fala do “portal financeiro COINC conta com mais de 162.000 utilizadores, mais 17% do que no ano anterior, e com 862 milhões de euros em saldo de Clientes. O Crédito Habitação COINC geriu 1.158 pedidos, contando neste momento com 312 hipotecas contratadas”, lê-se no comunicado.

Também o COINC (credito hipotecário digital) pode abrir em Portugal. Mas ainda não há datas.

(atualizada)

*A Jornalista viajou a Madrid a convite do Bankinter 

 

 

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