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Marine Le Pen quer “mudar por dentro” a União Europeia

A líder da extrema-direita gaulesa já não quer o Frexit. A alternativa é agora a de organizar a reforma da União a partir de um bom resultado nas eleições europeias de maio.
  • Christian Hartmann/REUTERS
20 Abril 2019, 19h31

Marine Le Pen está a mudar: já não quer tirar a França da União Europeia, mas sim transformar a União Europeia “por dentro”, disse numa entrevista ao jornal espanhol El Pais. A líder da extrema-direita gaulesa, que também mudou o nome ao seu partido, que agora se chama Reagrupamento Nacional (RN), aposta tudo nas eleições europeias do próximo mês.

“Estamos a testemunhar um renascimento conservador”, disse. Em vários países – desde logo na própria Espanha, com o Vox. ”Cada eleição mostra o aumento de movimentos que não aceitam o funcionamento atual da União. Por isso, abrimos uma nova possibilidade de mudar a organização a partir de dentro”, diz.

A nova correlação de forças na Europa, explica, torna desnecessário, por enquanto, propor aos franceses um referendo no estilo do britânico que, em 2016, decidiu o Brexit . “Não é mais uma questão de tudo ou nada. Agora há outra possibilidade, outro caminho”, insiste.

“Não é a Europa que faz a paz, mas as nações. São os impérios que criam guerras. E hoje, através da União Europeia, estamos a reconstruir um império” que, segundo Marine Le Pen, não apenas priva as nações de proteção, como “põe em movimento um sistema totalitário. A minha Europa é a da cooperação, que funcionou na Airbus e na Ariane”, diz, referindo-se aos projetos aeronáuticos e aeroespaciais europeus, mas que raramente acontecem.

Em 2017, Marine Le Pen obteve mais de dez milhões de votos e agora as sondagens refletem um empate entre o RN e a candidatura do movimento do presidente francês Emmanuel Macron nas europeias de 26 de maio.

Mas a líder do RN direita quis, mais uma vez, demarcar-se de Steve Bannon, o ex-conselheiro de Donald Trump, que anda a tentar organizar a extrema-direita europeia. “Alguém pode imaginar por um segundo que um norte-americano pode ser o líder de um movimento europeu?”, pergunta.

De qualquer modo, Marine Le Pen parece interessada em juntar-se àquilo que Bannon tem andado a fazer na Europa: partidos extremistas fortes, que de algum modo vão à procura dos deserdados da globalização – e que, paradoxalmente, são em muitos casos antigos votantes nos partidos socialistas e comunistas da Europa. As sondagens têm indicado que os grupos de direita eurocética podem, em maio, juntar cerca de 20% do parlamento europeu que sair das próximas eleições.

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