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Mário Centeno: “Mudou-se Portugal para melhor, mas ainda temos tanto para fazer”

Governador do Banco de Portugal elogiou a evolução do país desde a revolução do 25 de abril, mas destacou que ainda existem muitos desafios pela frente.
Mário Centeno
21 Abril 2025, 18h48

O governador do Banco de Portugal (BdP) congratulou hoje o desenvolvimento da democracia e da economia deste o 25 de Abril, mas defendeu que é preciso melhorar mais o país.

“Um poeta escreveu mudam-se os tempos, mudam se as vontades. Mudou-se Portugal para melhor, muito melhor. Mas ainda temos tanto para fazer, felizmente, bem melhor”, disse Mário Centeno esta segunda-feira numa referência ao poema de Luís Vaz de Camões.
“Os tempos correntes são de desafio. Desafios cuja superação requer que retomemos o espírito da transformação que assentaram e definir os últimos anos sem receios”, acrescentou.”Portugal é um exemplo de como um país se pode desenvolver aberto ao exterior. Devemos isso aos que lutaram com os nossos avós e pais, privando-se da pouca liberdade que tinham para que todos tivéssemos mais. Aos que investiram nos seus filhos o pouco que tinham, rompendo uma barreira geracional erguida pelo secular atraso na educação e que permitiram ao país, enfim, sonhar”, acrescentou o ex-ministro das Finanças na conferência “Falar em liberdade” que teve hoje lugar em Lisboa.

“Os tempos actuais colocam nos em alerta. Requerem mais intervenção, maior coordenação, mais informação e ainda mais análise e reforço da confiança. Portugal é hoje uma sociedade em transição. Felizmente, esta transição é feita em democracia e sob o símbolo da estabilidade”, segundo o responsável.

O governador deu o exemplo da imigração: “A forma como recebemos na última década centenas de milhares de pessoas vem ajudar a construir abril”.

E deu também o exemplo da educação, dimensão financeira e o crescimento económico, assim como a “necessária e sempre adiada convergência real com a União Europeia”.

Recordou também a transformação que a Revolução dos Cravos deu à condição social da mulher, que passou a participar ativamente no mercado de trabalho, assim como na habitação.

E recordou também o avanço social feito com a criação do salário mínimo nacional, introduzido em 1974, com uma “enorme ambição”.

“Na verdade, 60% dos portugueses que trabalhava em 1974 passaram a receber o salário mínimo. Foi tanta a ambição que apenas em 2017 o salário mínimo voltou a ter o mesmo valor real, descontada a inflação, que os pais fundadores da nossa democracia económica e social quiseram e impuseram em 1974. Apenas em 2017, o salário mínimo valeu mais do que o valor inicial”, sublinhou.

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