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Mário Nogueira: quem é o homem que lidera os professores há 11 anos (c/vídeo)

Os professores iniciaram ontem uma nova greve, que vai durar até quinta-feira. A luta sindical confunde-se com a vida do dirigente da Fenprof, Mário Nogueira. Uma das primeiras manifestações aconteceu no gimnodesportivo de Tomar e acabou com uma barricada.
2 Outubro 2018, 07h25

Filho de uma operária fabril e de um representante de uma marca de confeitaria, o dirigente da associação que representa milhares de professores, é adepto do Sporting, jogou basquetebol e fez atletismo. O antigo escuteiro e espeleólogo foi ainda mandatário da candidatura de Jerónimo de Sousa às presidenciais e candidato por Coimbra para as eleições legislativas.

Em 2007, a Fenprof, a maior estrutura sindical de professores, escolheu-o como o novo secretário-geral, depois de 13 anos de liderança de Paulo Sucena. Nessa altura, pela primeira vez dois candidatos disputaram o cargo: Mário Nogueira e Manu la Mendonça. Mário Nogueira recebeu o apoio da direção do Sindicato dos Professores da Região Centro e dos sindicatos da Zona Sul, da Madeira e dos Açores.

“Por exigência colocada aos sindicatos, fiquei a tempo inteiro nesta actividade”, admitiu numa entrevista à TVI – o dirigente não leciona há mais de 25 anos. “Fui convidado por duas vezes a leccionar no Ensino Superior, mas rejeitei porque gosto de ser sério e entregar-me completamente. Por isso, tenho de estar disponível das 9h da manhã à meia-noite para os professores”, acrescentou.

O líder da Fenprof, nascido em Tomar, em 1958, sempre quis ser professor. A primeira opção era matemática, porque gostava. No entanto, acabou por entrar na escola do Magistério Primário e tirou o curso [professor do primeiro ciclo], que depois completou com a especialização em problemas comportamentais.

A tropa, colocações em escolas diferentes e a tentativa de conciliar a atividade docente com a de aluno na Faculdade de Economia da Universidade Coimbra revelaram-se difíceis de concretizar. Ser pai aos 24 anos, professor e o envolvimento cada vez maior com a atividade sindical “escrevendo umas cartas, fechando envelopes, colando uns selos” – levou-o a ficar-se apenas pela frequência do curso de Economia.

Foi na juventude que começou a desenvolver o seu lado mais reivindicativo. Uma das manifestações mais marcantes encheu o gimnodesportivo de Tomar, onde os pais dos alunos mais pequenos tentaram impedir que fossem encerradas as aulas no liceu. O episódio acabou numa barricada.

A luta sindical corre-lhe nas veias. Na primeira conferência depois das férias, Mário Nogueira não mostrou sinais de abrandamento na luta dos professores. Protestos mantém-se e verificava-se pouca expetativa para a reunião de 7 de setembro com o Governo. “Entre 1 e 4 de outubro vai haver greve. O que nós estamos ainda a discutir é o formato. Poderá ser um dia de greve, poderão ser vários. Poderá ser, como já fizemos, uma greve de vários dias, mas dividida por regiões”, explicou na altura Mário Nogueira aos jornalistas.

O protesto acabaria mesmo por concretizar-se. Os professores iniciaram ontem uma nova greve, que vai durar até quinta-feira e terminar com uma manifestação nacional, para exigir que nove anos, quatro meses e dois dias de trabalho sejam contabilizados na progressão de carreira.

 

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