O analista social-democrata Luís Marques Mendes disse na sua rubrica da SIC que no Orçamento do Estado o destaque vai para os 1,5% de crescimento o que é pouco, mas a dívida abaixo dos 100% do PIB é muito importante para a credibilidade externa. “O acordo feito entre o Governo e alguns parceiros aponta para aumento dos salários de 5%. Mas deixou a grande novidade: o Governo ainda não tem fechado a diminuição do IRS, mas pode chegar até aos mil milhões de euros”, não se ficando assim nos 500 milhões que foram anunciados. “O Governo vai antecipar valores de 2026 e 2027 para 2024”.
Mesmo assim, Marques Mendes disse que a dimensão económica do que se sabe do Orçamento do Estado, “que é pouco”, não é suficiente – o que fica claro pelo fraco crescimento que o documento tem em vista ao realizar as suas previsões para o próximo ano. Até porque há quem consiga crescer mais. Saiu um estudo da Faculdade de Economia do Porto, recordou, que diz que o nível de vida da Roménia está melhor que o português desde 2022. A diferença é toda ela no domínio fiscal, tanto no IRC como no IRS, mas também no IVA e na taxa social. “Somos mais avançados que a Roménia, mas em 20 anos a Roménia passou de um dos países mais pobres da Europa para estar igualado a Portugal”. Nada que os empresários não venham há meses a confirmar.
O analista Luís Marques Mendes também falou na crise do fim-de-semana nos centros hospitalares, que “já era previsível” – num quadro em que Manuel Pizarro não foi capaz de satisfazer nenhuma das expectativas!” que criou. Pizarro “não é um incompetente, o problema é que a cabeça de Manuel Pizarro está mais no Porto que no Ministério da Saúde”.
“Como tem a cabeça no Porto, as questões do Ministério da Saúde ficam sempre em segundo lugar”. O analista disse que Fernando Araújo está a ser uma das vítimas: o atraso na aprovação dos estatutos da comissão que ele lidera “é ofensivo”. E recordou que o ministro andou nas últimas semanas “a desvalorizar” uma crise claramente previsível.
“Isto só se resolve com um acordo entre Governo e médicos. E o Governo tem de abrir os cordões à bolsa. O seu estatuto tem de ser melhorado. Por outro lado, é preciso fazer mudanças no SNS, mas essas mudanças não se fazem contra os médicos”. “Quanto mais tempo demorar esse entendimento, pior para ambas as partes. O Governo tem de resolver o assunto” rapidamente.
Em análise também a entrevista mais recente do primeiro-ministro, que Marques Mendes considerou de conteúdo “descolado da realidade”. “Fala de tudo como que tivesse chegado ao poder agora, esquecendo que está no poder há oito anos”. Isso já não é credível: oito anos são dois mandatos; Passos Coelho, acusado de todos os males do mundo, fez um mandato”, recordou.
Mesmo assim, “as sondagens não são fantásticas para o PSD”. “Montenegro tem um problema de comunicação: fala pouco para o povo, com linguagem que o povo entenda, o que pode ser negativo. E tem também de corrigir” a forma como as suas diferenças são apresentadas. “Qualquer medida tem de ser explicada e reafirmada várias vezes, senão não chega ao povo”.
No que se refere à questão de Israel, Marques Mendes afirmou que “o que aconteceu nas últimas 24 horas é muito diferente: vamos ter uma nova guerra de consequências imprevisíveis”. Mas recordou que “houve uma falha brutal” de segurança, num quadro em que “ninguém imaginava que o Hamas teria força para lançar um ataque destes”. É uma situação muito perigosa” em que as consequências serão terríveis: “a reação de Israel vai ser brutal”, até porque “há também um trauma: a ideia ou mito do Estado invencível”.
“Pode também haver um choque energético. Não me surpreende que haja uma subida do preço do petróleo. Recordando que o presidente dos Estados Unidos “não tem uma boa relação com Netanyahy”, o tema vai ser “um novo problema para Biden” no quadro das eleições que se aproximam.
Marques Mendes disse ainda que “isto não é bom para a causa da Ucrânia” uma vez que vai dispersar a atenção do Ocidente em relação ao conflito com a Rússia. Evidentemente, disse, que “as relações dos Estados Unidos e da Europa com o Irão vão alargar-se”. Paulo Cafofo, secretário de Estado das Comunidades, telefonou a Marques Mendes para lhe revelar que o Governo vai usar um avião da Força Aérea que irá por Chipre vai buscar os portugueses em Israel. Cafofo atrasou-se: o Ministério os Negócios Estrangeiros já tinha libertado a informação.
Já no que tem a ver com o mundial de futebol de 2030, Marques Mendes disse que “é uma boa decisão para Portugal”, não haverá novos investimentos e “vamos poder rentabilizar” essas infraestruturas. “O país ganha em prestígio, em visibilidade, o que é bom para o turismo”. “Vamos precisar não direi de um novo aeroporto, mas de uma solução complementar” para apoiar essas infraestruras.
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