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Marques Mendes: “O OE2021 tem uma forte carga social, o que é positivo”

O comentador social-democrata descobre várias incertezas no Orçamento, que está convencido que acabará por passar na generalidade. Quanto à app Stray Away Covid, “a novela acabou”.
18 Outubro 2020, 21h36

O comentador social-democrata Luís Marques Mendes disse no seu habitual comentário de domingo na SIC que “este é um Orçamento de incerteza por causa da pandemia” e porque há um “fator outro de incerteza que são os dinheiros de Bruxelas – o dinheiro virá, mas ninguém sabe quando”, mas, mesmo assim, merece a sua geral aprovação.

“Um dado positivo: não é um Orçamento à Sócrates, altamente expansionista – gastou o que tinha e o que não tinha. Este Orçamento nesse aspeto é prudente – em matéria de défice, de despesas totais. Tem uma carga social muito forte – é para agradar aos parceiros, mas não deixa de ser positivo”, disse, comentando o documento que foi entregue no início desta semana.

Mas nem tudo é positivo. Para Marques Mendes, uma das grandes lacunas do Orçamento é que “não tem política económica, não há medidas para fomentar as exportações, a competitividade empresarial”. Marques Mendes disse mesmo que “o ministro da Economia, Pedro Siza Vieira, é capaz de ter grande peso político, mas no OE, não se viu”, o que acaba por tirar importância às empresas. “Gostava que o Governo tivesse sido mais solidário com a Madeira e os Açores”, disse ainda.

“Este orçamento foi feito para ser viabilizado à esquerda”, recordou Marques Mendes, mas disse também que “a relação política e até pessoal entre o Governo e o Bloco está muito degradada. Mas, se votar contra, haverá um preço a pagar pelo Bloco”. O comentador afirmou esperar que “na especialidade, vamos ter aumento das despesa e portanto do défice”.

Marques Mendes disse ainda que o documento estratégico que o Governo apresentou em Bruxelas – uma espécie de ‘road map’ para o investimento de 13 mil milhões de euros que supostamente vão chegar da União Europeia – está bem estruturado, mas tem muito pouca coisa de concreto – e isso é um elemento negativo. “A apresentação do documento estratégico em Bruxelas esteve muito bem, mas não tem coisas concretas. É apenas um esboço”.

Marques Mendes perdeu uma parte do tempo de antena a falar sobre o caso da app Stay Away Covidd. “Fui sempre um grande defensor da aplicação Stay Away Covid. Mas nunca devia passar de voluntária a obrigatória; felizmente não irá por diante, uma vez que seria um absurdo. Há portugueses que não têm telemóvel. Seria criar portugueses de primeira e de segunda”.

Mesmo assim, Marques Mendes disse que “o primeiro-ministro conseguiu o resultado que queria: houve um surto enorme de descarregamentos da app: já chegaram a 2,25 milhões. “A novela acabou”.

De qualquer modo, “a situação da pandemia é preocupante, não é dramática, mas é preocupante” disse ainda. Mas não deixou de acusar “o Governo de anunciar algumas medidazinhas. As medidas são tardias por um lado e insuficientes por outro. Nós não podemos voltar ao confinamento geral de março, mas os confinamentos cirúrgicos podem dar resultado”.

De qualquer modo, “tem de se agir com rapidez. A sensação que fica é que há uma grande desorientação. E isso não é bom porque passa a imagem de instabilidade. Se a ideia é acrescentar pânico ao pânico”, estão no bom caminho. “As pessoas não percebem e quando não percebem não aderem”, concluiu – para depois revelar que “o Governo prepara-se para anunciar que o número de visitas a idosos podem vir a aumentar”.

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