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Matos Fernandes: fragmentação do H2Sines vai fazer “com que surjam mais projetos”

 O ministro do Ambiente desvaloriza a fragmentação do consórcio H2Sines, que reunia a EDP, Galp, Martifer, Vestas e REN, com o objetivo de implementar um ‘cluster’ de produção de hidrogénio verde, considerando que vai fazer “com que surjam mais projetos”.
9 Junho 2021, 07h58

Em entrevista à agência Lusa, o ministro do Ambiente e da Ação Climática, João Pedro Matos Fernandes, defendeu que “esta fragmentação do consórcio vai fazer com que surjam mais projetos e haja ainda uma maior produção de hidrogénio verde”, comentando assim a saída da EDP, REN e Galp do grupo de empresas que em julho do ano passado se propôs “estudar a viabilidade da criação de uma cadeia de valor para a exportação do hidrogénio de Sines para o Norte da Europa”.

“Passou um ano e foi um ano muito animado do lado dos projetos que apareceram, mais animado do que estimávamos à partida”, declarou o governante, realçando que “só em Sines estão previstos seis grandes projetos”.

Questionado sobre os outros projetos previstos, o Ministério adiantou à Lusa o da Fusion Fuel, referindo que os outros quatro pedem reserva.

O ministro com a tutela da Energia disse que a indicação que tem é que, apesar da saída de alguns ‘pesos pesados’, o consórcio se mantém – com a Vestas, Engie e a Martifer-, contrapondo que o H2Sines “não era o maior projeto” de hidrogénio em curso. Esse está previsto para Estarreja, liderado pela Bondalti (antigo grupo químico CUF, que pertence ao Grupo José de Mello), e tem um investimento previsto de 2.400 milhões de euros.

Ainda sobre o desmantelamento do consórcio para o hidrogénio verde em Sines, o governante disse que, no caso da Galp, “a razão é muito simples, é porque tem de andar mais depressa. É absolutamente crucial para a Galp a descarbonização da atividade de refinação”.

“O que a Galp veio dizer é que não tinha tempo para esperar. Tem que andar muito mais depressa”, acrescentou.

Já em relação à saída da REN, Matos Fernandes justificou com a necessidade de a empresa gestora das redes ter de ter “uma posição mais neutra”.

“Há um ano estávamos num grau de conhecimento muito mais fácil do que temos hoje, mas a REN a partir do momento em que percebeu que o número de projetos de injeção na rede – já há um no Seixal, que já está a começar a injetar hidrogénio na rede -, e como a REN tem o exclusivo da distribuição dos gases em Portugal, […] tem de se por numa posição neutral”, declarou.

Para o ministro, neste novo cenário, a empresa liderada por Rodrigo Costa “não pode ser promotora de nenhum projeto em concreto”. “Tem é que encontrar tarifas justas para que esse hidrogénio possa chegar a casa das pessoas e às indústrias”, disse.

Também a EDP decidiu abandonar o consórcio H2Sines, lançado no ano passado para estudar a viabilidade de um mega-projeto de hidrogénio verde em Sines, afirmando que “a sua estratégia e futuros investimentos em hidrogénio verde deverão aplicar-se a outros projetos com os quais espera, de igual forma, continuar a contribuir para a descarbonização da economia”, segundo noticiou o Expresso.

Em entrevista à Lusa, Matos Fernandes vincou que não dá um valor diferente ao projeto H2Sines, face aos outros, reconhecendo o papel que teve de promotor, quando, sabendo do interesse da Holanda na importação de hidrogénio, decidiu ouvir os presidentes das três maiores empresas portuguesas – EDP, Galp e REN – para “saber com que contava do lado português”.

“Este é certamente um projeto importante, mas, repito, em Sines existem já seis grandes projetos em que o consórcio era apenas um deles. Haver consórcio ou não era uma decisão das empresas”, afirmou.

Em relação ao destino do hidrogénio a ser produzido, o governante defende pensar na exportação, “mesmo sabendo que o mercado português é suficientemente grande para absorver o hidrogénio que vai ser produzido em Portugal”.

“Queremos quebrar o paradigma de um país eternamente importador de energia para um país que passe a ser exportador da energia. Isto deve criar muitas comichões a muitas pessoas, mas acho que não faz qualquer sentido”, lançou.

O ministro defende que os propósitos do Governo em relação ao hidrogénio verde “são exatamente os mesmos, mas a dimensão dos projetos é muito maior do que a estimada há um ano”.

Em 21 de maio de 2020, o Governo aprovou a estratégia nacional para o hidrogénio, que prevê investimentos de 7.000 milhões de euros no horizonte 2030, levando a uma redução da importação de gás natural de 300 a 600 milhões de euros.

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