Três intervenientes, três telemóveis e um palco pequeno demais para a inovação que estava prestes a receber. Portugal, Espanha e Itália transferiram, pela primeira vez, dinheiro entre as aplicações digitais, ou seja, o MB Way, o Bizum e o Bancomat receberam dinheiro imediato de contas de outros países.
E assim se voltou a fazer história na Web Summit, desta vez na edição de 2024. No entanto, e apesar deste acontecimento ter acontecido em 2024, só é esperado que as transferências imediatas entre os três países arranquem oficialmente em 2025.
Madalena Cascais Tomé, CEO da SIBS, Fernando Rodríguez Ferrer, Chief International Business Officer da Bizum, e Fabrizio Burlando, CEO do Bancomat, subiram ao palco Fintech Summit no segundo dia da conferência tecnológica lisboeta e apresentaram um ano de trabalho: o projeto European Payment Alliance (EuroPA).
Apesar do arranque ser uma aliança a três, Madalena Cascais Tomé revela ao Jornal Económico que a EuroPA já está a obter interesse de outros países e até da própria Comissão Europeia. “O objetivo é conseguirmos expandir para outras iniciativas, até por desenho defender a interoperabilidade e ser aberta a outras soluções”, confessa a CEO da SIBS no maior evento tecnológico de Lisboa.
E a responsável diz existirem soluções que têm “proeminência a nível europeu” já prontas a dar o salto. “Estamos já em conversações com algumas e o objetivo é expandir esta iniciativa a partir de 2025 a outras que se queiram juntar ao EuroPA”.
E interesse? “Temos bastante interesse! As conversações [com os interessados] estão em curso e bem avançadas. Há muito interesse, da própria Comissão Europeia e do Banco Central Europeu. Porque, na prática, este é o objetivo estratégico da Europa como um todo em ter soluções de pagamento de base europeia a esta escala”, conta Madalena Cascais Tomé ao JE.
“O MB Way quer estar na linha da frente dessa visão e dessa estratégia e contribuir de forma muito ativa para essa concretização”, confessa.
E como funciona esta solução? Da mesma forma que se transfere para números portugueses: enviar dinheiro, selecionar o contacto, colocar o valor a transferir, confirmar e está feito. Nada se altera e, como a CEO da SIBS nos diz, “é fazer a transferência exatamente da mesma forma”.
Mas em ponto gigante. Isto porque as três plataformas de pagamento do sul europeu somam 45 milhões de utilizadores e mais de 180 instituições financeiras. Com o objetivo da expansão a avançar no próximo ano, o número deverá crescer significativamente.
“Este é um grande projeto europeu, tem uma grande visibilidade europeia, porque é a primeira vez que inciativas com este revelo estão a fazer este tipo de delegações com a transferências de fundos instant payment e acreditamos que é o início de um caminho de interoperabilidade e da construção de um sistema pan-europeu”, admite a CEO da SIBS.
“Estamos sempre a inovar e a crescer, e temos muitas iniciativas de inovação em curso”. Com mais de seis milhões de utilizadores da solução portuguesa MB Way, não se poderia esperar outra coisa que não inovação.
“Lançámos recentemente o MB Way Eco e o Pulse. Em áreas diferentes, lançámos a plataforma do ecossistema ESG para ajudar as empresas a fazerem o seu report de ESG, que é absolutamente fundamental e será cada vez mais importante”, revela-nos a CEO.
“Continuamos a desenvolver soluções e estamos muito focados a investir no mercado português. Das empresas portuguesas somos provavelmente das que mais investe em tecnologia, em investigação e desenvolvimento (I&D) com muito foco no mercado português, mas também a trazer a tecnologia para ajudar a simplificar processos difíceis, tanto para as empresas financeiras e nos consumidores finais”.
Apesar do mercado português ser de menor dimensão, como a própria gestora o admite, “as funções tecnológicas exigem elevados investimentos em tecnologia, mais tecnologia avançada e em desenvolvimento de plataformas, também temos o objetivo de podermos internacionalizar estas soluções para outros mercados onde estamos presentes, como a Europa Central e de Leste e para os países em desenvolvimento em África e na Ásia. É levar tecnologia portuguesa a estes mercados”.
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