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McKinsey defende importância do investimento em ativos intangíveis para o crescimento das empresas

Empresas que estão entre as 10% que mais crescem investem 2,6 vezes mais em ativos intangíveis do que as restantes 50% que menos crescem, revela estudo da consultora. Exemplo de ativos intangíveis são a propriedade intelectual, a pesquisa, a tecnologia e software e o capital humano.
23 Julho 2021, 21h29

A McKinsey Global Institute analisou o impacto dos ativos intangíveis na produtividade e no crescimento e concluiu que as “empresas que estão entre as 10% que mais crescem investem 2,6 vezes mais em ativos intangíveis do que as restantes 50% que menos crescem”. Exemplo de ativos intangíveis são a propriedade intelectual, a pesquisa, a tecnologia e software e o capital humano.

A consultora conclui que os sectores que investiram mais de 12% do seu valor acrescentado bruto em ativos intangíveis alcançaram um crescimento 28% superior ao de outros sectores.

“O investimento em ativos intangíveis, tais como a propriedade intelectual, pesquisa, tecnologia e software e capital humano, aumentou exponencialmente ao longo do último quarto de século, e a pandemia de Covid-19 parece ter acelerado esta transição para uma economia desmaterializada”, conclui o estudo.

O estudo desenvolvido pelo McKinsey Global Institute (MGI) “Intangíveis: O futuro do crescimento e da produtividade?” demonstra que as economias que estão a aumentar o investimento em intangíveis estão também a registar um crescimento na produtividade total dos fatores.

O estudo utiliza ‘insights’ de um novo inquérito levado a cabo junto de mais de 860 executivos nos Estados Unidos e em dez países europeus, juntamente com dados sectoriais da base de dados da INTAN-Invest, e explora a correlação entre o investimento em intangíveis e o desempenho de sectores, economias e empresas, para descobrir a fórmula para a implantação eficaz de ativos intangíveis com o objetivo de impulsionar o crescimento.

“No século XIX, as ferramentas de crescimento eram máquinas industriais; as ferramentas da futura economia do conhecimento serão os ativos intangíveis. Podemos estar a assistir a uma nova etapa na história do capitalismo baseada na aprendizagem, no conhecimento e no capital intelectual”, refere Duarte Braga, Managing Director da McKinsey Iberia.

“À medida que as economias recuperam da pandemia, pode uma onda de investimentos em intangíveis dar uma nova vida à produtividade e ao crescimento? É bem possível, mas a chave não será apenas o investimento em intangíveis, mas a garantia de que estes são implantados de forma eficaz”, refere a McKinsey.

O estudo desenvolvido pelo McKinsey Global Institute conclui que “mesmo com perturbações na economia, os investimentos em intangíveis têm aumentado. Nos últimos 25 anos, os Estados Unidos e dez economias europeias alcançaram um crescimento de 63% no VAB (Valor Acrescentado Bruto). Durante esse período, o investimento em intangíveis aumentou 29%, ou mais de 1,6 biliões de euros”.

O investimento em intangíveis num sector está correlacionado com o respetivo crescimento, é outra das conclusões. “O investimento em intangíveis está a aumentar em todos os sectores, mas os sectores que investiram a maior parte do seu VAB em ativos intangíveis cresceram mais rapidamente. A relação é mais forte em serviços intensivos em conhecimento, como serviços financeiros, e em sectores de serviços impulsionados pela inovação, como telecomunicações, media e tecnologia”.

Outra conclusão é que, independentemente do sector, as empresas que investem mais em intangíveis crescem mais. As empresas que mais crescem (top growers), que estão no quartil superior do crescimento do VAB em 2018-19 por sector (crescimento mediano de 20% em 2018-19) estão a investir 2,6 vezes mais em intangíveis do que as empresas que menos crescem (low growers), que estão entre as 50% que apresentam um menor crescimento do VAB em 2018-19 (crescimento de 3% em 2018-19).­

“Os atuais top growers não só investem mais em intangíveis, mas também assumem riscos para os implementar e desenvolvem capacidades necessárias para acelerar o impacto. A combinação de alto investimento e implantação eficaz é o principal diferenciador entre top growers e low growers“, diz a McKinsey.

“Não basta investir no acesso aos dados. É preciso haver uma estratégia de dados com processos rigorosos, tomada de decisão em tempo real, arquiteturas flexíveis e uso de investimentos em intangíveis para incorporar dados, talento e inovação nas operações do dia-a-dia”, conclui o estudo que refere que os top growers têm uma mentalidade de teste e aprendizagem, e entendem a necessidade de reexaminar continuamente que tipo de intangíveis têm maior probabilidade de gerar competitividade e crescimento, que podem ser escalonados e que têm maior probabilidade de gerar sinergias.

A McKinsey defende que os executivos e decisores políticos devem identificar o que é necessário para concretizar a oportunidade proporcionada pelos intangíveis. Como exemplo, se mais 10% das empresas atingissem a mesma parcela de investimento em intangíveis e crescimento do VAB que os top growers, isso poderia gerar mais 800 mil milhões de euros em VAB ou um aumento de 2,7% entre os sectores nas economias da OCDE. “Para as empresas, a implementação e a mentalidade são importantes. Para as empresas e para a sociedade em geral, à medida que a economia intangível e digitalizada se dissemina, o imperativo de requalificação torna-se ainda mais urgente”.

“Os governos podem desempenhar um papel fundamental não apenas na requalificação, mas também na garantia de que a infraestrutura de conhecimento correta esteja instalada, incluindo educação, tecnologia de comunicação, planeamento urbano e gastos públicos em ciência”, conclui a análise.

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