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Médicos sem Fronteiras suspendem resgate de imigrantes no Mediterrâneo

A organização humanitária internacional suspendeu os resgates devido à decisão da Itália de estabelecer uma área para limitar o acesso das ONGs em águas internacionais.
13 Agosto 2017, 16h21

A organização humanitária internacional Médicos sem Fronteiras (MSF) informou que, a partir deste sábado, estão suspensas “temporariamente” as suas ações de resgate de imigrantes no Mar Mediterrâneo.

“Estamos a suspender as nossas atividades porque agora sentimos que o comportamento ameaçador da Guarda Costeira da Líbia é muito grave”, afirmou o presidente da MSF na Itália.

A suspensão decorre da decisão da Itália de estabelecer uma área para limitar o acesso das organizações não governamentais (ONGs) em águas internacionais. A decisão é um avanço na crescente tensão entre Roma e as ONGs, uma vez que a migração domina a agenda política da Itália.

“Os factos recentes no Mediterrâneo mostram que o código de conduta é parte de um plano mais amplo que visa selar a costa e bloquear imigrantes e refugiados da Líbia”, acrescentou Filippi.

Cerca de 600 mil imigrantes chegaram ao país nos últimos quatro anos, a grande maioria vinda da Líbia, onde diversos navios são operados por contrabandistas. Por sua vez, a Itália teme que os grupos estejam a facilitar o tráfico de pessoas e a encorajar os imigrantes a realizarem a travessia.

Por isso, propôs um código de conduta que dita as regras da operação. O código é formado por 13 compromissos, e o principal deles proíbe as ONGs de entrar nas águas territoriais líbias, a não ser em “situações de grave e iminente perigo”.

A organização médica havia informado que, mesmo não assinando o código de conduta, respeitaria as regras já estabelecidas nas leis internacionais e nacionais.

A ONG atua há mais de três anos em ações de busca e assistência médica no Mediterrâneo. Com três barcos, os profissionais do MSF socorreram 19.708 pessoas entre abril e novembro do ano passado e forneceram ajuda médica a 7.117 pessoas que foram transferidas para outras embarcações, inclusive do governo, para um desembarque seguro na Itália. Este ano, a ONG já resgatou mais de 16 mil pessoas.

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