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Médio Oriente: ataques israelitas ao setor energético iraniano abalam os mercados

Israel ataca campo de exploração de gás natural no Irão instalado em Tonbak, província de Bushehr. O preço do Brent nos mercados internacionais reflete os temores do mercado. Trump opôs-se a que o aiatola Khamenei fosse abatido.
16 Junho 2025, 07h00

Novos ataques ao Irão lançados durante o fim-de-semana pelas forças de defesa de Israel (IDF) tiveram como um dos alvos prioritários o setor energético, nomeadamente as unidades de extração de gás natural. Apesar das sanções importas por diversos países ao Irão – onde a energia está no centro das atenções – o regime de Teerão tem conseguido manter clientes tanto para o gás natural como para o petróleo. É esta importante fonte de financiamento da economia (e da compra de armamento) do Irão que os israelitas pretendem atingir com a maior magnitude possível.

Neste quadro estratégico, Israel atingiu este sábado um campo de exploração de gás natural na província de Buxer, localizada no Golfo da Pérsia, e uma refinaria de gás, segundo agências oficiais de notícias do Irão. As explosões foram causadas por um drone de pequeno porte e aconteceram na Fase 14 do campo de South Pars e na refinaria Fajr Jam, segundo as mesmas fontes. O Ministério de Petróleo do Irão informou que os ataques causaram incêndios de grandes proporções. O fogo já foi controlado, segundo aquelas autoridades. O campo de South Pars fica situado entre o Irão e o Qatar e é importante para a capacidade de produção e exportação de gás do regime dos aiatolas0: é o maior campo de gás do mundo, com uma estrutura partilhada entre os dois países.

Os poços de petróleo e as refinarias do terceiro maior produtor da OPEP também têm estado na mira dos ataques do Estado hebraico. Para além disso, as instalações nucleares do Irão estiveram sempre no primeiro lugar dos ataques israelitas.

Israel e Irão avaliavam este domingo os danos dos ataques, com ambos os lados a prepararem-se para um conflito que não deverá baixar de intensidade.

O ministro das Relações Exteriores de Israel, Gideon Sa’ar, afirmou que as operações das IDF continuarão, tendo “objetivos importante a serem cumpridos”. O ministro das Relações Exteriores do Irão, Abbas Araqchi, afirmou que Teerão está a reagir à agressão externa e que, se essa agressão parar, as retaliações iranianas também cessarão.

Do lado do Irão, o objetivo é o mesmo: a empresa Refinarias de Petróleo de Israel informou que os seus oleodutos e linhas de transmissão em Haifa foram danificados por ataques com mísseis. A empresa disse ainda que não houve feridos ou mortes nos locais atingidos e que a refinação continua em operação, apesar da paralisação de algumas operações secundárias.

Os preços globais do petróleo registaram os maiores aumentos percentuais diários este sábado, refletindo o receio de que o conflito no Oriente Médio possa levar a interrupções no fornecimento de energia. A alta no preço do Brent ilustra “tanto as preocupações imediatas com a oferta quanto a crescente sensação de que manchetes negativas podem estender o cronograma para a escalada, diferentemente do episódio anterior entre Israel e Irão”, escreveu Ahmad Assiri, especialista da Pepperstone, empresa de serviços financeiros, no seu mais recente ‘research’. O Brent atingiu um pico recorde de 78,06 dólares o barril, para mais tarde corrigir em baixa que chegou aos 72,79 dólares. No fecho do dia, cotava a 74,23 dólares, mais 7,02% que no fecho do dia anterior. “Os futuros do petróleo Brent subiram 7% para fechar a 74,2 dólares o barril na sexta-feira, reduzindo alguns ganhos após atingirem o seu nível mais alto desde fevereiro. Os investidores permanecem cautelosos em relação a possíveis retaliações, especialmente dada a posição estratégica do Irão junto ao Estreito de Hormuz – um ponto crítico para os embarques globais de petróleo”, refere por seu lado a Trading Economics. “A produção de petróleo bruto do Irão foi, em abril, de 3,305 milhões de barris por dia, destacando o papel vital da região no fornecimento global de energia”.

 

Mais um dia de ataques

Entretanto, o Irão lançou este domingo a sétima vaga de ataques contra Israel, fazendo soar o alarme no norte e no centro do país, mas o exército israelita afirmou ter intercetado a maioria dos mísseis, ao mesmo tempo que atacava Teerão de forma bem mais intrusiva. “Na última hora, vários mísseis foram lançados do Irão em direção ao Estado de Israel, a maioria deles foi intercetada e não houve relatos de queda de projéteis”, afirmava um comunicado do exército. “Os sistemas de defesa estão a operar para intercetar a ameaça”, indicaram as ID.

Nos momentos que antecederam o ataque iraniano, aviões israelitas atacavam Teerão, atingindo o quartel do Comando da Polícia da capital e várias zonas residenciais. As zonas de Shahrak Gharb, Saadat Abad e Punak, a oeste da capital, Niavaran, a norte, ou na popular rua Valiars, que atravessa a capital, foram alguns dos locais atingidos.

Por outro lado, e segundo a agência Reuters, o presidente Donald Trump vetou nos últimos dias um plano israelita para matar o líder supremo do Irão, aiatola Ali Khamenei. “Os iranianos já mataram algum americano? Não. Até que o façam, não vamos perseguir a liderança política”, disse uma das fontes ouvidas pela agência, um alto funcionário do governo norte-americano.

As autoridades disseram que altos funcionários dos Estados unidos têm mantido comunicação constante com autoridades israelitas desde que Israel lançou um ataque massivo ao Irão. Aquelas fontes não foram claras sobre se o próprio Trump transmitiu a mensagem. Trump tem mantido a esperança de uma retoma das negociações entre Estados Unidos e o Irão – mas os encontros que estavam marcados para este domingo em Omã foram cancelados.

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