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Médio Oriente: Família de crianças reféns do Hamas angustiada por não as ver libertadas

“Esta noite, mais uma vez, as nossas almas não estarão em paz”, escreveu a família nas redes sociais quando soube que Kfir, de 2 anos, e Ariel, de 5, assim como a sua mãe, Shiri Silberman, não estavam na lista de reféns a serem libertados hoje.
25 Janeiro 2025, 16h36

A família das últimas crianças israelitas mantidas reféns na Faixa de Gaza gritou de angústia, dizendo que o seu “mundo tinha desabado” após a notícia de que não seriam libertadas ainda este sábado.

“Esta noite, mais uma vez, as nossas almas não estarão em paz”, escreveu a família nas redes sociais quando soube que Kfir, de 2 anos, e Ariel, de 5, assim como a sua mãe, Shiri Silberman, não estavam na lista de reféns a serem libertados hoje.

Apesar do anúncio feito pelo Hamas há mais de um ano sobre as suas mortes, que Israel nunca confirmou, a família “esperava ver Shiri e as crianças na lista”, refere na mensagem.

O grupo islamita palestiniano libertou hoje quatro reféns, todas mulheres e todas militares, no âmbito do acordo de cessar-fogo com Israel que vigora na Faixa de Gaza desde domingo passado. Em troca, Telavive libertou 200 prisioneiros palestinianos.

Em novembro de 2023, o grupo terrorista palestiniano Jihad Islâmica alegou que Shiri Silberman, que foi raptada juntamente com o seu marido, Yarden Bibas, e os seus filhos, Ariel e Kfir, tinham morrido num ataque israelita, mas o exército nunca confirmou a informação.

Numa declaração televisiva hoje, após a libertação das reféns, o porta-voz do exército israelita, Daniel Hagari, admitiu, no entanto, que o exército está “profundamente preocupado” com o destino das duas crianças.

Não foi só por esta família ter continuado em cativeiro que Israel se mostrou desagradado com a libertação das quatro reféns militares.

“O Hamas não cumpriu com as suas obrigações de primeiro libertar as mulheres civis israelitas”, disse Hagari, numa breve declaração feita logo após a confirmação de que as reféns tinham entrado em território israelita.

Já na sexta-feira à noite, quando o Hamas anunciou que iria libertar quatro mulheres soldados raptadas da base militar de Nahal Oz a 07 de outubro de 2023, Israel manifestou a sua discordância, alegando que uma das condições do acordo era que as mulheres civis teriam prioridade na libertação.

No entanto, segundo a agência de notícias espanhola Efe que diz ter tido acesso aos documentos, o acordo não inclui qualquer cláusula sobre esta prioridade.

Das 33 pessoas libertadas na primeira fase do cessar-fogo em Gaza, sete são mulheres, cinco das quais militares (uma não foi libertada hoje) e duas são civis.

As civis são, além de Shiri Silberman, de 33 anos, também Arbel Yehud, de 29.

Nos últimos dias, a imprensa israelita referiu que Israel tentou pressionar para que Arbel Yehud fosse uma das mulheres libertadas hoje e, esta manhã, o gabinete do primeiro-ministro divulgou uma nota a afirmar que Telavive não permitirá que os palestinianos regressem ao norte de Gaza enquanto aquela refém não for libertada.

As quatro reféns libertadas hoje foram Liri Albag, de 19 anos, e Karina Ariev, Daniella Gilboa e Naama Levy, de 20 anos.

As quatro militares foram exibidas, a sorrir e a acenar, por militantes do Hamas, num palco na Praça Palestina, na Cidade de Gaza, onde milhares de pessoas se juntaram, tendo sido depois levadas aos veículos da Cruz Vermelha que as aguardavam.

Israel confirmou que as reféns estavam bem, pouco depois da entrega à Cruz Vermelha.

Liri Albag agradeceu, entretanto, aos israelitas o apoio às famílias dos reféns, num vídeo divulgado pelo exército israelita.

“Amo-vos, a todos vós, cidadãos do Estado de Israel, que apoiaram as nossas famílias e as confortaram, e a vós, soldados das FDI [Forças de Defesa de Israel], que fizeram tudo por nós. Muito obrigada, adoro-vos a todos”, disse a jovem após reunir-se com os seus pais numa instalação especial do exército.

O cessar-fogo, que entrou em vigor no domingo passado, após 15 meses de conflito, foi conseguido com a moderação do Qatar e dos EUA com o objetivo de pôr fim à guerra mais mortífera e destrutiva alguma vez travada entre Israel e o Hamas.

O frágil acordo tem-se mantido até agora, silenciando os ataques aéreos e os ‘rockets’ e permitindo a entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza.

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