O Ministério da Saúde de Gaza anunciou hoje terem morrido 14 pessoas por subnutrição nas últimas 24 horas no enclave palestiniano, elevando o número de mortos por fome para 147 desde o início da guerra, em outubro de 2023.
Uma das vítimas mortais registadas nas últimas horas foi um bebé que sucumbiu no Hospital Al-Shifa, segundo avançaram fontes médicas, citadas pela agência de notícias palestiniana Wafa.
Do total de pessoas que morreram de fome no enclave, 88 eram crianças, de acordo com o Ministério da Saúde de Gaza, tutelado pelo grupo extremista Hamas, mas cujos dados são considerados fiáveis pela ONU.
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, considerou no domingo uma “mentira descarada” acusar o Governo de Telavive de “implementar uma campanha de fome na Faixa de Gaza”, garantindo que “não há fome” no enclave.
Ainda assim, o exército israelita anunciou no fim de semana o início de “pausas humanitárias” de 10 horas e “rotas seguras permanentes” para facilitar a entrega de ajuda humanitária ao enclave.
Além disso, foi retomado o lançamento aéreo de ajuda humanitária à população palestiniana.
As medidas foram adotadas após uma onda de críticas internacionais à catastrófica situação humanitária em Gaza, onde mais de 59.800 pessoas morreram devido à ofensiva israelita no enclave.
Entre as vítimas estão pelo menos 1.132 pessoas que morreram nas últimas sete semanas durante as operações da única organização que tem permissão para entregar alimentos em Gaza, a Fundação Humanitária de Gaza (FHG), controlada por Israel e Estados Unidos.
Esta distribuição é considerada por várias organizações e pela ONU como insuficiente e tem sido marcada por episódios de desespero, caos e de violência por parte das forças israelitas.
No domingo, a Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou para os “níveis alarmantes” que a subnutrição está a atingir na Faixa de Gaza, afirmando que o “bloqueio deliberado” de ajuda humanitária custou a vida a muitos habitantes.
“A subnutrição está a seguir uma trajetória perigosa na Faixa de Gaza, marcada por um pico de mortes em julho”, afirmou a OMS em comunicado.
Já na semana passada, a organização Médicos Sem Fronteiras tinha avisado que a subnutrição aguda em Gaza atingiu “níveis históricos” e que grande parte dos afetados são crianças ou grávidas e lactantes.
De acordo com o Programa Alimentar Mundial (PAM), agência da ONU, cerca de um terço da população da Faixa de Gaza passa dias sem comer e há 90 mil mulheres e crianças a necessitarem urgentemente de tratamento.
Segundo a agência das Nações Unidas responsável pela ajuda alimentar, 470 mil pessoas deverão enfrentar “uma fome catastrófica” entre maio e setembro no território palestiniano sob cerco imposto por Israel.
Enquanto isso, algumas agências humanitárias têm denunciado que há caixotes de ajuda humanitária suficientes para encher 1.000 camiões junto a Gaza, mas cujos alimentos estão a apodrecer por falta de distribuição.
Os níveis de subnutrição no enclave palestiniano agravaram-se em março com o encerramento total dos pontos de acesso a Gaza, quando Israel impôs um bloqueio que cortou completamente a entrada de alimentos, medicamentos e combustível.
Telavive acusava o Hamas de se apropriar da ajuda humanitária que entrava no território através de agências humanitárias e diz que a ONU foi conivente com o movimento islamita, considerado um grupo terrorista por Israel, Estados Unidos e a União Europeia.
A guerra em curso em Gaza foi desencadeada pelos ataques liderados pelo Hamas em 07 de outubro de 2023 no sul de Israel, que causaram cerca de 1.200 mortos e fizeram mais de duas centenas de reféns.
A retaliação de Israel já provocou quase 60 mil mortos e incluiu a imposição de um bloqueio de bens essenciais a Gaza.
A ofensiva israelita provocou igualmente a destruição de quase todas as infraestruturas de Gaza e a deslocação forçada de centenas de milhares de pessoas.
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