Israel rejeitou hoje a lista de empresas ligadas ao desenvolvimento de colonatos ilegais israelitas na Cisjordânia ocupada, publicada pela ONU, afirmando que “não tem base legal” e “é uma prova da parcialidade e do preconceito” das Nações Unidas.
“Esta base de dados destina-se a servir de ‘lista negra’ contra empresas que não fizeram nada de mal, uma vez que o direito internacional não prevê uma proibição geral das atividades comerciais em zonas de conflito”, declarou a missão israelita junto da ONU em Genebra, num comunicado publicado na sua conta oficial X.
A lista atualizada do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos inclui 68 novas empresas relativamente a 2023, sendo que sete foram removidas.
A missão acusou o gabinete das Nações Unidas de “continuar a desperdiçar os recursos da ONU para manchar a imagem de Israel” e defendeu que as empresas do país (138 foram incluídas na lista) “estão na vanguarda da inovação, do desenvolvimento e do crescimento”.
A maioria das empresas apontadas tem sede em Israel, mas a lista inclui a empresa de carris ferroviários portuguesa Steconfer SA e seis dos Estados Unidos, quatro de Espanha, duas de França e duas do Reino Unido, bem como uma empresa luxemburguesa, uma holandesa, uma chinesa, uma alemã e uma canadiana.
A empresa portuguesa já reagiu à sua inclusão na lista garantindo ter um “papel neutro e apolítico” nos países onde opera e pediu para ser retirada daquele banco de dados.
A Steconfer sublinha que não se envolve em “decisões políticas ou governamentais” e que o seu papel “limita-se estritamente à execução técnica de obras como subcontratado de grandes empreiteiros de engenharia, aquisição e construção”.
Além disso, acrescenta a empresa, “não tem qualquer relação contratual direta com o Governo de Israel ou qualquer autoridade governamental da região”.
Contactada pela Lusa, a Steconfer disse já ter respondido formalmente ao Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos no dia 24 de setembro, “dentro do prazo e no formato exigidos pela própria ONU, para que a resposta fosse publicada no ‘site’ oficial da organização”.
No entanto, adiantou fonte oficial da empresa, “a ONU não procedeu à divulgação dessa resposta, apesar de ter comunicado que o faria”.
Embora a nomeação das empresas não implique sanções associadas, a agência da ONU solicita às incluídas que “tomem medidas apropriadas para lidar com o impacto adverso dos direitos humanos” das suas atividades.
A agência da ONU incentiva ainda os 11 Estados com empresas na lista a tomarem medidas.
As novas empresas incluídas na atualização operam principalmente em atividades relacionadas com a construção, imobiliário e mineração, setores a que a ONU deu prioridade nas suas investigações recentes.
A próxima atualização dará prioridade às do setor da segurança.
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