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Médio Oriente: Israel sem alterações de orientações militares após explosões de ‘pagers’ no Líbano

O Exército israelita afirmou hoje que acompanha o caso de milhares de explosões de ‘pagers’ no Líbano, que provocaram pelo menos nove mortes e cerca de 2.800 feridos, mas descartou alterações nas orientações militares em relação ao país vizinho.
Israel
Lusa
17 Setembro 2024, 21h32

“Neste momento não há alterações nas orientações do Comando da Frente Interna. A vigilância deve ser mantida e qualquer mudança na política será anunciada de imediato”, segundo uma declaração militar, que não menciona diretamente o Líbano nem o grupo xiita libanês Hezbollah.

A declaração, a primeira das Forças Armadas desde a revelação dos acontecimentos de hoje no Líbano e que atingiram membros do Hezbollah, acrescenta que o chefe do Estado-Maior, Herzi Halevi, realizou uma “avaliação da situação” em conjunto com a liderança militar, com “ênfase na preparação para o ataque e a defesa”.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros do Líbano atribuiu as explosões simultâneas, ocorridas ao princípio da tarde, a um “ciberataque israelita, no qual foi detonado um grande número de ‘pagers’”, e revelou que está a preparar uma queixa ao Conselho de Segurança da ONU.

“Esta deliberada escalada israelita coincide com as ameaças de expandir a guerra para o Líbano e com a sua postura intransigente, apelando para mais derramamento de sangue, destruição e sabotagem”, acusou a diplomacia de Beirute em comunicado.

No mesmo sentido, o Hezbollah afirmou em comunicado que Israel é “inteiramente responsável” por “esta agressão criminosa” e que receberá a sua “justa punição”.

“Depois de examinar todos os factos, dados atuais e informações disponíveis sobre o ataque maligno que ocorreu esta tarde, consideramos o inimigo israelita totalmente responsável por esta agressão criminosa que também teve como alvo civis e matou várias pessoas”, declarou o grupo pró-iraniano no comunicado.

Entre os feridos, encontra-se o embaixador do Irão no Líbano, Mojtaba Amani, de acordo com a televisão estatal de Teerão, mas os seus ferimentos são ligeiros.

No seguimento das explosões de ‘pagers’, que atingiram também membros do Hezbollah presentes na Síria, os Estados Unidos instaram o Irão a evitar quaisquer ações que possam aumentar a tensão entre Israel e o seu aliado libanês.

“Pedimos ao Irão que não utilize o mais pequeno acontecimento para tentar alimentar a instabilidade e agravar ainda mais as tensões na região”, declarou o porta-voz da diplomacia norte-americana, Matthew Miller.

Segundo o ministro das Telecomunicações do Líbano, Johanny Corn, os ‘pagers’ que explodiram faziam parte de um carregamento que “chegou recentemente” ao país.

Em declarações à imprensa após uma reunião do Conselho de Ministros, o governante indicou que ainda não recolheu informação suficiente sobre o sucedido, mas indicou que as baterias dos ‘pagers’ aqueceram e que algumas pessoas conseguiram afastar-se dos aparelhos antes de explodirem.

“Talvez tenham sido ativados remotamente, mas não sabemos como”, acrescentou Corn, acrescentando que é mais provável que os ‘pagers’ tenham sido introduzidos no Líbano para este fim.

Israel está envolvido numa intensa troca de tiros com o grupo libanês desde 08 de outubro, quando o Hezbollah começou a lançar ataques em solidariedade com as milícias palestinianas do Hamas na Faixa de Gaza.

Na passada terça-feira, o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, disse que as missões das forças de Telavive na Faixa de Gaza estão quase cumpridas e que o foco estava a mudar para a fronteira com o Líbano, onde o constante fogo cruzado com o Hezbollah obrigou cerca de 60.000 pessoas a fugir das suas casas.

Nestes onze meses de troca de tiros, morreram mais de 650 pessoas em ambos os lados da fronteira, a maioria do lado libanês e nas fileiras do Hezbollah, que confirmou cerca de 400 vítimas, algumas também na Síria.

Em Israel, 50 pessoas morreram no norte: 24 soldados e 26 civis, incluindo 12 menores, num ataque nos Montes Golã ocupados na Síria.

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