O enviado especial dos Estados Unidos para o Médio Oriente, Steve Witkoff, disse este domingo que reunia com uma delegação do Qatar no final do dia (madrugada em Lisboa) para tentar reativar o acordo de cessar-fogo que tinha sido dado como fracassado no final da semana passada. Recorde-se que Witkoff tinha viagem marcada para Doha para avançar com as negociações, mas adiou a viagem no final da semana ,depois de as negociações estagnaram. Ainda assim, disse, está “esperançado” em que o acordo acabe por ser firmado.
Entretanto, no final de domingo, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, reuniu com as Forças de Defesa de Israel (IDF) para debater um plano para a construção de uma “cidade humanitária” em Rafah – uma espécie de zona de refúgio para populações civis que se encontram em desespero, espalhadas por todo o enclave. Mas os militares deixem claro que é preciso cautela no plano, que levará de três a cinco meses a ser executado, mas principalmente pode dificultar os esforços de libertação dos reféns que ainda se encontram nas mãos do Hamas.
As autoridades responsáveis pela defesa de Israel temem que o Hamas possa interpretar o plano — que envolveria a realocação de 600 mil habitantes de Gaza numa primeira fase e, em última análise, de toda a população de cerca de dois milhões de pessoas — como um sinal de que Israel está aberto a um acordo parcial e que pretende retomar a guerra após o cessar-fogo proposto de 60 dias. Tal medida, temem estas autoridades, poderia levar o Hamas a desconfiar de quaisquer garantias dos Estados Unidos para o fim da guerra e, assim, recusar totalmente um acordo – uma lógica perversa que não é fácil de compreender.
Espera-se também que as IDF apresentem considerações adicionais sobre o projeto, incluindo implicações para o direito internacional, o potencial de prolongamento do conflito e questões logísticas, como a higienização da área e o fornecimento de cuidados médicos.
Também fazia parte da reunião – limitada ao gabinete de segurança – os mapas de retirada das IDF, que serão apresentados aos mediadores em Doha. No entanto, apesar do projeto atualizado, a cúpula política do governo inclina-se a considerar que os novos planos ainda não são suficientes para produzir um avanço nas negociações. Não é certo, aliás, que o governo esteja verdadeiramente interessado no cessar-fogo, segundo avançam vários analistas.
Aliás, as propostas de Israel para manter tropas na Faixa de Gaza estão a atrasar as negociações indiretas entre o Hamas e Israel para um cessar-fogo, disse a Agência France-Presse.
“As negociações em Doha estão a enfrentar um revés e dificuldades complexas devido à insistência de Israel em apresentar um mapa de retirada, que na verdade é um mapa de redistribuição e reposicionamento do exército israelita, em vez de uma retirada genuína”, disse uma fonte palestiniana citada por várias agências. Daí a necessidade de um novo plano que terá sido discutido este domingo.
De qualquer modo, a maioria dos analistas está muito cética em relação a uma possibilidade real de haver um cessar-fogo nos moldes que esteve em análise em Doha na última semana.
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