Megabancos japoneses lideram empréstimos nos EUA

Os empréstimos sindicados (mútuos entre várias entidades financeiras) nos Estados Unidos, liderados pelos principais bancos do Japão, atingiram níveis recorde no ano passado, num contexto em que regulamentações de capital mais rígidas empurram os bancos norte-americanos para outro tipo de negócios sem empréstimos. O número de empréstimos sindicados nos Estados Unidos em que pelo menos um dos três megabancos – Mitsubishi UFJ Financial Group, Mizuho Financial Group e Sumitomo Mitsui Financial Group – foi o principal organizador aumentou 33% em 2024, para 1.076, revelam dados da London Stock Exchange Group citados pelo jornal ‘Nikkey Asia’.

Esse é o número mais alto desde 2005, mais do que o dobro do total dos 10 anos anteriores e três a cinco vezes mais alto do que nos anos anteriores à crise financeira de 2008. Esses empréstimos cresceram também um terço no ano em termos de valor, para 269,8 mil milhões de dólares, o que é também um recorde.

Os bancos atuaram como principais organizadores em 23% dos empréstimos sindicados, um aumento de 2 pontos percentuais em relação a 2023 e de 11 pontos em relação a uma década atrás. O financiamento sindicalizado em geral continua em alta nos Estados Unidos, aumentando 50% no ano passado, para 3,71 biliões de dólares. Embora a turbulência económica causada pelas tarifas do presidente Donald Trump, entre outros fatores, deva afetar o mercado, a procura permanece sólida, alimentada pelo financiamento de projetos para data centers, bem como pelo refinanciamento da dívida.

Os três megabancos japoneses forneceram capital à Ford Motor em 2024 e 2025, o Mizuho à Alphabet (da Google), já este ano, e o MUFG à Fidelity National Information Services, refere a mesma fonte. Pelo menos um dos megabancos foi o principal organizador de 412 empréstimos sindicados nos Estados Unidos, 38% do mercado em 2024.

Um fator importante que impulsiona o foco nos empréstimos sindicados fora de portas é a receita de taxas e juros que fornecem. Com as taxas de juros no Japão ainda baixas, estas operações no mercado norte-americano servem como um importante fluxo de receita.

O Nikkey recorda que o MUFG tem uma parceria com o Morgan Stanley, com o qual formou uma parceria de capital em 2008; a Mizuho adquiriu a carteira de empréstimos corporativos norte-americanos do Royal Bank of Scotland em 2015; e a SMFG firmou uma aliança com a Jefferies em 2021.

A crise de 2008 foi seguida pela introdução da estrutura de Basileia III, que impôs requisitos de capital mais rigorosos, e a falência do Silicon Valley Bank em 2023 levou a regulamentações mais rígidas sobre os bancos de médio porte. Assim, a participação dos bancos norte-americanos no mercado de empréstimos sindicados caiu para 57% em 2024, quando era de 59% uma década antes e cerca de 66% antes da crise de 2008.