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Mercado de trabalho não absorve todo o aumento da atividade, constata Randstad Portugal

Isabel Roseiro, diretora de Marketing da Randstad Portugal, defende que “o teletrabalho trouxe uma nova dinâmica ao mercado de trabalho, que se mantém mesmo após o fim da pandemia”.
9 Novembro 2024, 13h02

A Randstad Portugal divulgou a sua análise aos resultados do Inquérito ao Emprego do Instituto Nacional de Estatística (INE) no terceiro trimestre de 2024 e destaca que o emprego bate recordes, mas o mercado de trabalho não absorve todo o aumento da atividade e o desemprego cresce

No 3.º trimestre de 2024, o emprego em Portugal continua a atingir um máximo histórico, com mais 41.000 pessoas empregadas face ao trimestre anterior, atingindo um total de 5.140.900 profissionais, dos quais 84,7% são trabalhadores por conta de outrem.

O número de pessoas ativas subiu em 43.700 (+0,8%), o que resultou do aumento simultâneo do número de empregados e de desempregados, totalizando 5.475.600 pessoas ativas.

Comparando com o mesmo período do ano anterior, houve um crescimento de 59.100 profissionais empregados (+1,3%) e uma subida da taxa de atividade em 0,3 p.p., situando-se nos 60,3%.

Este crescimento do emprego foi impulsionado tanto pelos trabalhadores por conta de outrem como pelos trabalhadores por conta própria, com um aumento de 4,6% neste último grupo.

A Randstad diz que entre os assalariados, observou-se uma subida nos contratos sem termo (+0,7%) e uma diminuição nos contratos com termo (-5,0%), continuando a tendência de redução da taxa de trabalho temporário, agora em 15,6%.

A maior subida no emprego foi registada no grupo etário dos 16 aos 24 anos (+10,7%), enquanto algumas faixas, como a dos 25 aos 34 anos, registaram quedas ligeiras.

Por outro lado, o setor dos serviços liderou o crescimento setorial, com mais 22.900 profissionais (+0,6%), seguido pela indústria, construção, energia e água (+1,3%) e pela agricultura (+1,5%).

Em termos homólogos, o emprego nos serviços cresceu 1,5%, mas o setor agrícola perdeu 3,9% de profissionais.

A taxa de desemprego manteve-se estável nos 6,1%, com uma diferença de 0,7 p.p. entre mulheres (6,5%) e homens (5,8%), refletindo um mercado de trabalho onde, apesar do aumento do emprego, ainda persistem desafios na absorção total da mão de obra disponível.

Estão as empresas realmente a reverter o teletrabalho em Portugal? Os dados estatísticos ainda não mostram esta tendência, diz a Randstad.

Teletrabalho cai 4,4% no trimestre mas número de teletrabalhadores em 2024 continua elevado

Os dados mais recentes do INE para o 3.º trimestre de 2024 analisam a evolução do teletrabalho em Portugal.

Dos 5.140.900 profissionais empregados no país, 19,2% indicaram ter a possibilidade de trabalhar a partir de casa utilizando TICs, em regime 100% remoto ou híbrido. Este valor representa uma redução de 47.400 profissionais (-4,4%) em teletrabalho face ao trimestre anterior.

Esta variação, no entanto, está fortemente associada a fatores sazonais, como a diminuição de cerca de 52 mil profissionais no setor da educação devido ao período de férias escolares de verão, um padrão que afeta regularmente o número de teletrabalhadores neste setor, já que muitos professores e trabalhadores ligados ao ensino interrompem suas atividades nesta época do ano.

Assim, embora os números de teletrabalho possam oscilar ao longo dos trimestres, os dados não suportam a ideia de uma reversão das políticas de teletrabalho pelas empresas de forma ampla, refere a Randstad.

O número de teletrabalhadores em 2024 continua elevado, o que reflete a relevância desta prática no mercado de trabalho português.

“O teletrabalho mantém-se como uma prática de longo prazo, sustentada pela procura de flexibilidade e equilíbrio entre trabalho e vida pessoal, e pela adaptação das empresas às necessidades dos seus colaboradores”, sublinha a Randstad.

A nível regional, a Grande Lisboa registou a maior percentagem de trabalhadores em teletrabalho, com 32,2% (347.200 profissionais), enquanto os Açores apresentaram a menor percentagem, com apenas 7,4% (8.900 profissionais).

Isabel Roseiro, diretora de Marketing da Randstad Portugal, defende que “o teletrabalho trouxe uma nova dinâmica ao mercado de trabalho, que se mantém mesmo após o fim da pandemia”.

“Esta análise revela que, apesar das variações em regiões e setores específicos, o teletrabalho não é uma tendência passageira” e “em Portugal, continua a ser uma prática consolidada, favorecida pela flexibilidade e pelas novas exigências dos profissionais assim como pela redução dos custos operacionais para as empresas”.

Desde o início da pandemia, o INE passou a monitorizar regularmente o teletrabalho, que atingiu um pico em 2020, com mais de um milhão de profissionais (23% da população empregada) a trabalhar a partir de casa, dos quais 91% devido a restrições sanitárias.

Embora o fim das restrições pandémicas tenha impulsionado uma diminuição gradual do teletrabalho ao longo de 2021, esta prática consolidou-se nos anos seguintes, particularmente em regime híbrido.

Apesar da crescente especulação sobre um possível regresso ao escritório, principalmente em grandes empresas internacionais e tecnológicas, os dados não confirmam esta tendência de forma significativa.

O número de profissionais em regime de teletrabalho continua a manter-se em níveis elevados, mostrando-se como uma prática estabelecida no país e, na maioria dos setores, essencial para a conciliação entre a vida profissional e pessoal.

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