A cadeia de supermercados Mercadona aumentou em 550 milhões de euros as compras a fornecedores portugueses entre 2019 e 2022, uma subida de 264% para um total de 789 milhões de euros. A revelação é de Inês Santos, diretora de relações institucionais da Mercadona em Portugal, em entrevista exclusiva ao Jornal Económico (JE). Se em 2019, ano de abertura da cadeia em território português essas compras eram de 217 milhões de euros, em 2022 esse valor passou a estar próximo de 790 milhões de euros, valor distribuído pelo mil fornecedores portugueses com quem a Mercadona trabalha.
“Aumentámos em 250% as compras a fornecedores portugueses”, revela esta responsável. Ao JE, Inês Santos explicou que este crescimento está relacionado com o aumento do número de lojas (a cadeia revelou recentemente que irá abrir mais onze lojas em território português este ano) em Portugal mas não só: “Estamos a conseguir levar alguns produtos para Espanha e fazer com que essa operação corra bem”, explicou.
A diretora de relações institucionais considera que “essas sinergias são sempre interessantes” e naquilo que depender da Mercadona, esta cadeia quer “continuar a ser grande embaixadora dos bons produtos portugueses” porque “quando um produto é bom, é bom para Portugal e Espanha, temos que apostar”.
Nas lojas da marca em Espanha, “e graças às sinergias entre os dois países, já é possível encontrar nas mais de 1670 lojas produtos como o milho piri-piri produzido pela portuguesa Calimenta, vinho do Porto produzido pela Granvinhos assim como chocolate negro que sai diretamente da fábrica da Imperial. Em relação aos queijos, a Mercadona comprou 3.500 toneladas de queijo a diversos fornecedores portugueses sendo que o queijo flamengo em fatias, com produção em Portugal, também já está em algumas lojas em Espanha.
Compras em Portugal a crescer desde 2019
A Mercadona tem registado um crescimento nas compras a fornecedores portugueses desde 2019. A marca de origem espanhola fez compras a fornecedores portugueses no valor de 789 milhões de euros em 2022. Note-se que a Sonae, que com a marca Continente lidera na quota de mercado entre retalhistas em Portugal (de acordo com dados de 2022), fez compras no valor de 1,060 mil milhões de euros a fornecedores portugueses. Em relação a 2023, a Sonae/Continente voltou a subir nesse parâmetro para 1,175 mil milhões de euros.
Presente no mercado português apenas desde 2019, a Mercadona fechou esse ano com 217 milhões de euros nas aquisições a fabricantes portugueses, um parâmetro em que a retalhista tem vindo a crescer substancialmente.
Em relação à Mercadona, e no mesmo período, o crescimento nas compras a fornecedores nacionais foi de 550 milhões de euros: de 217 milhões de euros para 789 milhões de euros: uma subida de 264%.
Lojas portuguesas entre as que mais vendem em toda a cadeia
“Para nós é uma grande surpresa”. Inês Santos revelou ao JE que algumas das 49 lojas em Portugal são das que mais vendem em toda a cadeia, algo que foi recebido com alguma surpresa por toda a estrutura: “Temos algumas lojas que estão no top de vendas de toda a cadeia. Como é que é possível uma empresa que chega aqui e consegue fazê-lo em cinco anos. De repente, conseguimos”, sublinhou esta responsável.
Com um investimento de 800 milhões de euros em Portugal entre 2019 e 2023, mais de um quarto dessa quantia foi direcionada para o bloco logístico de Almeirim, o maior de toda a cadeia, cujo investimento foi de 225 milhões de euros. Para 2024, a previsão passa pela abertura de mais onze lojas e a chegada a dois novos distritos (Guarda e Évora) e um investimento substancialmente mais baixo tendo em conta o esforço depositado no centro logístico.
De uma forma geral, “empresa está muito satisfeita com a expansão”, sublinha Inês Santos. “Fomos a primeira internacionalização da Mercadona. A empresa está muito satisfeita com os resultados que está a ter num segundo país. Para nós, é um motivo de orgulho muito grande a quota de mercado”. No quarto trimestre de 2022, a quota de mercado da Mercadona era de 3,8% (era de 2,2% no mesmo período de 2021), sendo a sexta cadeia de supermercados que mais vende em Portugal. “Falta-nos consolidar muito a presença no distrito de Lisboa, porque no Porto já estamos mais consolidados”, referiu a responsável ao JE.
Salário de entrada subiu 27% desde 2019
Em Portugal, a Mercadona conta com mais de cinco mil colaboradores. Ao JE, Inês Santos revelou que, desde 2019, o salário de entrada de um operador de loja/operador de armazém (logística) já subiu 27%. “Temos uma aposta muito grande na progressão salarial e no poder aquisitivo dos nossos funcionários. Todos os anos temos vindo a atualizar os salários de acordo com o Índice de Preços no Consumidor de dezembro. São medidas que nos fazem valorizar o trabalho de quem está na empresa”, destacou.
No final do mês passado, a Mercadona anunciou a distribuição de 600 milhões de euros pelas 100 mil pessoas que estão nos quadros da empresa, um valor 50% superior ao que foi praticado em 2023. Desde que os acionistas da Mercadona criaram esta iniciativa, em 2001, a empresa “já distribuiu com os seus colaboradores mais de 5.580 milhões de euros”.
“Em março, os colaboradores, após o primeiro ano e caso atinjam as metas e objetivos definidos no início do ano, receberão um salário extra, valor que ascende a dois salários depois de alcançados cinco anos de antiguidade. Este ano, excecionalmente, os colaboradores receberão adicionalmente um prémio extra correspondente a metade do seu salário”, explicou a Mercadona.
Outra temática que ganha relevância para a Mercadona está relacionada com a política que adota no campo da responsabilidade social. Assim, cada supermercado estabelece uma parceria com uma instituição social local que diariamente vai recolher os excedentes da loja. Resultado: em 2023, a empresa doou 1.200 toneladas (são 21.400 carrinhos de compras) de bens de primeira necessidade a mais de 70 entidades de cariz social. “Somos um supermercado que tem essa capacidade de ajudar as comunidades em que está inserido. Isso é muito importante, porque isso é o que faz com que as pessoas tenham orgulho na nossa presença”, conclui a diretora de relações institucionais da Mercadona.
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