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Mercados exóticos e “fronteira” são alternativos

Há vida para além dos mercados convencionais de ações, obrigações e dívida. Os mercados exóticos podem ser alternativas credíveis e dar boas rendibilidades.
14 Julho 2019, 19h00

Investimentos alternativos são tudo o que é cambial, hedge funds, estratégias alternativas ou real estate. Esta é a definição de mercados alternativos e que inclui os mercados “fronteira”, dada por Nuno Serafim, administrador da IMGA.

Na verdade este acaba por ser o momento ideal para os chamados mercados “fronteira”, cujos rendimentos implícitos são bastante superiores ao do investimento convencional. Nuno Serafim explica que se espera um novo período de expansão monetária, com injeções de liquidez e moedas como o euro e o dólar menos suportadas”. Ou seja, tudo o que “são expetativas de juros mais baixos nos mercados desenvolvidos faz com que, por contraponto, mercados emergentes e mercados “fronteira” sejam mais atrativos”. Certo é também que existe um risco acrescido para este tipo de investimento e que está no facto de na eventualidade de as taxas de juro e o dólar aumentarem, os mercados terão um beta maior e o seu comportamento será mais negativo. Diz ainda Nuno Serafim que “se tudo correr como esperado é expectável que o dólar não suba, com a FED a efetuar dois cortes de taxas, e isso é bom para as moedas emergentes e para a redução da sua dependência externa. É uma boa alternativa para ir buscar rendimento adicional para os portfólios”.

E efetivamente são as opções do BCE e da FED que condicionam as decisões de investimento.

Miguel Taledo de Sousa, diretor adjunto do Bankinter Gestão de Ativos realça a força da economia norte-americana. “Está saudável e a crescer a bom ritmo e com pleno emprego, embora tenha abrandado um pouco nos últimos meses, o que tem criado nos investidores a expetativa de um posicionamento neutral em termos de taxas diretoras, e eventualmente um ou dois pequenos cortes que permitam à FED estar na mesma página que os restantes bancos centrais das principais economias desenvolvidas e, acima de tudo, evitar uma forte valorização do dólar norte-americano, mensagem que o presidente Trump já várias vezes verbalizou”. Na mesma linha está Nuno Serafim, da IMGA. Diz que “depois de quatro subidas de juros em 2018, a FED promete ser paciente, estando neste momento descontados três cortes de taxas este ano”. Diz ainda este gestor: “Temos um backdrop de convergência com o Produto potencial no mundo, sendo que Europa pode ficar ligeiramente abaixo do seu potencial, com a Alemanha a viver idiossincrasias com a disrupção tecnológica no setor automóvel. As economias europeias são economias exportadoras e estando o comércio global em abrandamento – registando mesmo crescimentos em termos homólogos negativos que são característicos de período de recessão. Para além da Alemanha, Japão e emergentes como a China e a Coreia do Sul, também sofrem muito com o arrefecimento das trocas comerciais.

Existem outras ramificações da guerra comercial e que prejudicam as economias, como seja o problema dos EUA com a Huawei e as possíveis retaliações da China, mas tudo indica que teremos um final feliz embora a política errática do Sr. Trump. A nova normalidade será a da guerra comercial entrar e sair da agenda consoante os interesses políticos. É mais uma questão de domínio global entre os EUA/China do que de balança comercial”.

Ainda nos investimentos alternativos é interessante olhar para as matérias-primas. O outlook do BIG relativo ao 3º trimestre e assinado por João Lampreia, João Sá Água e Catarina Galhardo refere que “os inventários do crude, com uma correlação negativa relevante com o ciclo económico deverão continuar em acumulação, pressionando o preço do crude”. Acrescentam que esta visão estrutural negativa “pode ser temporariamente interrompida por uma escalada nas tensões entre os EUA e o Irão, com potencial efeito disruptivo na oferta global” e acrescentam um valor previsível do crude para o final do terceiro trimestre dentro no “range” dos 54 e 60 dólares por barril. Salientam que as importações chinesas de crude têm sido estrategicamente alteradas, com a China a importar maior quantidade de crude dos EUA em detrimento do Irão e Arábia Saudita. E, não menos relevante, a China possui reservas de crude em máximos históricos como ferramenta de negociação perante eventuais bloqueios às importações energéticas chinesas impostas pela administração Trump.

O ouro é outra alternativa e que registou uma forte apreciação durante o segundo trimestre, e que o BIG atribui à “reiterada mudança para um tom dovish por parte da FED, criando moderada pressão inflacionista e sobretudo reforçando uma pronunciada queda das yields soberanas a 10 anos”. Os analistas têm uma visão positiva para o ouro e acentuam que “o posicionamento especulativo longo dos investidores institucionais no ativo de refúgio registou uma célere subida”.

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