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Merkel defende que Europa deve retaliar contra Trump nas tarifas

Merkel fez algumas confissões sobre a sua relação com Trump e sobre a crise do euro na Grécia.
4 Julho 2025, 15h44

A que foi a pessoa mais poderosa da Europa durante um momento crítico da história recente do Velho Continente, durante a crise do euro, veio a público revelar alguns acontecimentos dos bastidores.

Angela Merkel disse que Donald Trump procura obter atenção a todo o custo. Recordando a sua passagem pela Casa Branca em 2017, em que o presidente dos EUA recusou dar-lhe um aperto de mão publicamente, mas acabou por fazê-lo longe das câmaras.

“Cometi o erro de dizer, ‘Donald, devíamos dar um aperto de mão’, e ele não quis; quis ter a atenção só para si. É o que ele quer: distrair e ter todos a olharem para ele”, começou por dizer a ex-chanceler alemã.

“Podemos ver isto no caso das tarifas. Em último caso, ele deve entregar bons resultados ao povo americano. Tem de provar a sua capacidade, pelo menos, ao seu próprio país”, acrescentou, citada pelo “Politico”.

Merkel defendeu que os europeus “devem manter-se unidos e não serem intimidados quando Trump impuser mais tarifas ao bloco, mas devemos retaliar com as nossas próprias tarifas”.

“Não digo para terminar a relação com os EUA, mas devemos negociar. Nem os EUA conseguem sobreviver sozinhos. Vejo um problema a acontecer. Quando o vice-presidente JD Vance diz, ‘somos parceiros e apenas vamos apoiar se concordarem com o nosso conceito de liberdade’, isso significa que não há regras, nem controlo, o que é realmente uma ameaça à nossa democracia”, afirmou.

Na capital grega para promover a sua auto-biografia, escreveu no seu livro sobre Trump: “Para ele, todos os países estão a concorrer uns com os outros, em que o sucesso de um é o falhanço de outro; ele não acredita que a prosperidade de todos pode ser atingida com cooperação”.

Em Atenas, a antiga chanceler recordou a chamada telefónica que manteve com o então primeiro-ministro grego em 2015, quando Alexis Tsipras anunciou que ia fazer o referendo sobre o resgate internacional ao país.

Qualificou a chamada como a mais “surpreendente” da sua carreira, que a deixou “palavras”, em particular por saber que o líder do SYRIZA iria fazer campanha contra o resgate.

Sobre Tsipras, disse que era “honesto” e que não a tentou enganar.

E recordou que chegou a “chorar da pressão” durante uma “cimeira”.

“Não consigo imaginar a Europa sem a Grécia como um forte membro”, defendeu.

Já sobre Barack Obama, então líder dos EUA num momento crítico da zona euro, disse que o presidente tinha dificuldades em entender as diferenças entre o Banco Central Europeu e a Reserva Federal.

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