Um estudo de uma investigadora do Banco de Portugal, publicado esta segunda-feira num e-book do banco central sobre o crescimento do país, aponta a falta de qualificações dos gestores de topo (CEO) em Portugal como um dos fatores que contribuem para a falta de produtividade no país.
Baseando-se em dados dos Quadros de Pessoal (QP) e da Informação Empresarial Simplificada (IES), a economista Sharmin Sazedj analisa o nível de escolaridade dos CEO. Em comparação com os restantes trabalhadores, os gestores têm, em média, mais anos de escolaridade, principalmente devido à maior proporção de licenciados, e os níveis médios de educação são mais elevados entre os CEO mais jovens.
Mas há diferenças substanciais em função do tamanho da empresa. Nas maiores as empresas, é notório “um nível mais elevado o nível médio de escolaridade do CEO”, e o mesmo se verifica nas empresas com capital estrangeiro: mais de 60% dos gestores têm educação superior e apenas cerca de 5% têm menos do que o ensino secundário.
O problema são as sociedades de menor dimensão, já que “a grande maioria das empresas em Portugal são micro ou pequenas empresas (sem capital estrangeiro), pelo que a proporção de CEO com nível de escolaridade inferior ao ensino secundário ainda é elevada”.
Segundo o estudo, mais de 50% das microempresas do país têm um gestor em que o nível de estudos atingido só vai até ao 3º ciclo do ensino básico (vulgo 9º ano de escolaridade). Nas pequenas empresas, esta percentagem é superior a 40%.
A autora conclui assim que “os CEO em Portugal ainda têm níveis de educação relativamente baixos, pelo que uma via promissora para aumentar a produtividade das empresas seria através de políticas credíveis que melhorem o sistema educacional, tornando-o mais adequado ao mercado atual e às mudanças tecnológicas em curso”.
Adicionalmente, escreve a economista, “a elevada percentagem de CEO proprietários e a antiguidade média alta também revelam a incapacidade das empresas em se adaptar por completo aos desenvolvimentos do mercado, sugerindo que há espaço para uma realocação mais eficiente das habilidades dos CEO às empresas”.
A autora nota que vários estudos empíricos e teóricos têm estudado os diferenciais de produtividade entre países ou entre empresas do mesmo país, e que as práticas de gestão podem explicar 30% destas diferenças.
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