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Metade das empresas mais pequenas têm um gestor com o 9º ano ou menos

Estudo de investigadora do Banco de Portugal aponta as baixas qualificações dos gestores de topo como um dos fatores por detrás da fraca produtividade do país.
15 Outubro 2019, 07h50

Um estudo de uma investigadora do Banco de Portugal, publicado esta segunda-feira num e-book do banco central sobre o crescimento do país, aponta a falta de qualificações dos gestores de topo (CEO) em Portugal como um dos fatores que contribuem para a falta de produtividade no país.

Baseando-se em dados dos Quadros de Pessoal (QP) e da Informação Empresarial Simplificada (IES), a economista Sharmin Sazedj analisa o nível de escolaridade dos CEO. Em comparação com os restantes trabalhadores, os gestores têm, em média, mais anos de escolaridade, principalmente devido à maior proporção de licenciados, e os níveis médios de educação são mais elevados entre os CEO mais jovens.

Mas há diferenças substanciais em função do tamanho da empresa. Nas maiores as empresas, é notório “um nível mais elevado o nível médio de escolaridade do CEO”, e o mesmo se verifica nas empresas com capital estrangeiro: mais de 60% dos gestores têm educação superior e apenas cerca de 5% têm menos do que o ensino secundário.

O problema são as sociedades de menor dimensão, já que “a grande maioria das empresas em Portugal são micro ou pequenas empresas (sem capital estrangeiro), pelo que a proporção de CEO com nível de escolaridade inferior ao ensino secundário ainda é elevada”.

Segundo o estudo, mais de 50% das microempresas do país têm um gestor em que o nível de estudos atingido só vai até ao 3º ciclo do ensino básico (vulgo 9º ano de escolaridade). Nas pequenas empresas, esta percentagem é superior a 40%.

A autora conclui assim que “os CEO em Portugal ainda têm níveis de educação relativamente baixos, pelo que uma via promissora para aumentar a produtividade das empresas seria através de políticas credíveis que melhorem o sistema educacional, tornando-o mais adequado ao mercado atual e às mudanças tecnológicas em curso”.

Adicionalmente, escreve a economista, “a elevada percentagem de CEO proprietários e a antiguidade média alta também revelam a incapacidade das empresas em se adaptar por completo aos desenvolvimentos do mercado, sugerindo que há espaço para uma realocação mais eficiente das habilidades dos CEO às empresas”.

A autora nota que vários estudos empíricos e teóricos têm estudado os diferenciais de produtividade entre países ou entre empresas do mesmo país, e que as práticas de gestão  podem explicar 30% destas diferenças.

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