Michael Burry anunciou o fecho do fundo Scion Asset Management justificando a decisão por acreditar que as atuais avaliações dos ativos cotados em bolsa “estão desconectadas” da realidade do mercado. Esta revelação surge depois de ter sido noticiado que o investidor norte-americano tinha realizado um short (aposta na queda no preço das ações) à Palantir, uma das ações que mais cresce na bolsa norte-americana, e à Nvidia, que é atualmente a empresa mais valiosa do mundo.
A estratégia de Michael Burry, conhecido por ter feito uma fortuna apostando contra o mercado imobiliário em 2008, estava assente na antecipação de uma possível bolha na área da inteligência artificial (IA) uma tecnologia que tem despoletado fortes investimentos por parte das empresas tecnológicas. Um relatório do UBS aponta para que a despesa chegue aos 375 mil milhões de dólares (324 mil milhões de euros) este ano e aos 500 mil milhões de dólares (432 mil milhões de euros) em 2026.
A crença de Michael Burry que de facto pode rebentar uma bolha na área da IA foi tão grande que acabou por mobilizar mil milhões de dólares (860 milhões de euros) contra a Palantir (912 milhões de dólares ou 788 milhões de euros à taxa de câmbio atual) e a Nvidia (186 milhões de dólares ou 160 milhões de euros).
Este não tem sido um bom para os chamados short sellers (que apostam na queda do preço das ações). De acordo com o Financial Times as 250 ações norte-americanas, que são mais populares entre os short sellers, registaram uma valorização superior a 50% este ano.
O fundo de Michael Burry, que geria ativos no valor de 155 milhões de dólares, foi dado como fechado na base de dados da Comissão de Valores Mobiliários norte-americana, a SEC, a 10 de novembro. Este estado faz com que não seja obrigado a apresentar relatórios ao regulador ou a qualquer estado norte-americano.
A 27 de outubro Michael Burry enviou uma carta aos investidores confirmando que iria liquidar o fundo e devolver o capital, “por uma pequena taxa para para auditoria/impostos”, até ao final do ano, de acordo com uma cópia consultada pela agência noticiosa Reuters.
No documento consultado pela Reuters, Michael Burry admitia que a avaliação que fazia do valor do ativos nos mercados financeiros “não está” e “já não está há algum tempo” em sintonia com os mercados.
O fundo de Michael Burry não foi o único a anunciar o seu fecho. O mesmo aconteceu este ano com o fundo Hindenburg Research.
Michael Burry recorreu à rede social X (antigo Twitter) para acusar as grandes empresas tecnológicas de estarem a cometer “uma das fraudes mais comuns da era moderna” denunciado que estas organizações estão a “subestimar a depreciação, e a prolongar artificialmente a vida útil dos ativos” como forma de aumentarem os seus lucros.
“Aumentar massivamente o investimento de capital através da compra de chips/servidores da Nvidia num ciclo de produto de dois a três anos não deveria resultar no prolongamento da vida útil dos equipamentos informáticos”, acrescentou Michael Burry no X.
O investidor norte-americano estima que as grandes tecnológicas entre 2026 e 2028 estão a subestimar a depreciação em cerca de 176 mil milhões de dólares (151 mil milhões de euros), acrescentando que até 2028 a Oracle vai sobrevalorizar os seus ganhos por 26,9% e a Meta em 20,8%.
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