As migrações são uma constante ao longo da história da humanidade. São motivadas por fatores diversos tais como conflitos geopolíticos, desastres naturais ou a busca por melhores condições de vida. No entanto, nas últimas décadas, o fenómeno migratório tem assumido uma complexidade crescente, desafiando não só as políticas internas dos países, mas também as relações internacionais, os direitos humanos e, sobretudo, a economia global. De acordo com o Relatório Mundial sobre Migração, em 2022, o número de migrantes internacionais atingiu os 281 milhões, correspondendo a 3,6% da população mundial, um aumento significativo face aos 80 milhões (2,3%) registados na década de 1970. Em 2023 voltámos a assistir a novos picos na mobilidade humana. A capacidade de uma sociedade acolher e integrar imigrantes depende de um conjunto de fatores, incluindo a eficácia das suas políticas migratórias, a disponibilidade de recursos de suporte e a recetividade dos habitantes locais à diversidade. Nos últimos anos, Portugal, à semelhança de outros países europeus, tem assistido a um aumento de pedidos de asilo e de proteção internacional. Em apenas uma década, esses pedidos cresceram sete vezes, refletindo a crescente pressão migratória. A migração desempenha um papel vital nas economias modernas. Em países como Portugal, o desequilíbrio entre a emigração de profissionais qualificados e a imigração de trabalhadores menos qualificados coloca desafios, mas também apresenta oportunidades. As soluções que têm que ser encontradas passam, entre outras, por gerarmos um crescimento económico sustentável que possa gerar condições para reter e, desejavelmente, atrair talento. Contudo, a questão não é meramente económica; é também profundamente humana. A imigração é essencial para manter e prosperar o mercado de trabalho nacional. A responsabilidade não recai apenas sobre o governo ou qualquer entidade individual; é uma questão coletiva. As empresas, os sindicatos, as organizações civis e cada um de nós tem um papel a desempenhar. É fundamental que haja uma gestão eficaz dos fluxos migratórios e que as políticas de integração sejam robustas e inclusivas. Uma política de imigração económica bem estruturada deve ser proativa, indo além de uma simples aceitação passiva de trabalhadores. Deverá envolver acordos bilaterais com os países de origem combatendo igualmente as redes de tráfico humano.