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Miguel Gil Mata: “Efanor detém agora 92,3% da Sonae Capital”

O CEO da Sonae Capital, Miguel Gil Mata diz que os resultados da Oferta Pública de Aquisição lançada sobre a Sonae Capital não podem deixar de ser interpretados como “um redobrado interesse e confiança” da Efanor na empresa e nas suas equipas, o que é particularmente importante na atual conjuntura da pandemia de Covid-19.
5 Novembro 2020, 23h29

Enquanto escrevia a respetiva mensagem de apresentação dos resultados do terceiro trimestre de 2020 da Sonae Capital, o seu presidente executivo, Miguel Gil Mata, não deixou de referir que nessa mesma altura eram divulgados os resultados da Oferta Pública de Aquisição (OPA) lançada sobre a Sonae Capital. “A Efanor detém agora 92,3% do capital da sociedade, num movimento que não pode deixar de ser interpretado como um redobrado interesse e confiança na empresa e nas suas equipas, por parte da entidade que é, e foi desde sempre, o nosso acionista de referência”, comentou o CEO.

Miguel Gil Mata, na mesma mensagem, sublinhou que “a unidade de ativos imobiliários, que registou 10 milhões de euros em escrituras, continua a contribuir para o financiamento da estratégia corporativa”. “Encerrámos o terceiro trimestre do ano com uma dívida financeira líquida de 148 milhões de euros, acima do final do ano anterior em 7 milhões de euros, um nível de endividamento que dá evidência da nossa disciplina em termos de gestão de tesouraria”, referiu. “Em simultâneo, mantemos 81 milhões de euros em cash e linhas disponíveis”, destacou o CEO.

Acontece que nos primeiros nove meses do ano, o desempenho das unidades de negócios da Sonae Capital foi “fortemente condicionado pela pandemia Covid-19”, informa a holding, referindo que o resultado líquido registou um valor negativo de 16,4 milhões de euros no período em análise, reportando assim menos 20 milhões de euros que em igual período de 2019. No entanto, o volume de negócios das unidades de negócio cresceu 42,3% nos primeiros nove meses do ano, ascendendo a 193,7 milhões de euros. Excluindo o contributo da Futura Energía Inversiones, o volume de negócios das unidades de negócio diminui 28,8%, ficando-se nos 81,4 milhões de euros, referiu a holding.

A unidade de ativos imobiliários registou um volume de negócios de 16 milhões de euros nos primeiros nove meses de 2020, influenciado pela realização de escrituras – referida na mensagem de Miguel Gil Mata – no valor global de 9,9 milhões de euros, em que se incluem 15 unidades turísticas residenciais em Tróia, pelo valor de 7,5 milhões de euros, informou a holding. A dívida financeira líquida situou-se nos 148,2 milhões de euros, no final dos nove meses de 2020, registando um incremento de 7 milhões de euros face ao final do ano anterior, refere a Sonae Capital. Refere igualmente que em outubro de 2020, a Capwatt adquiriu seis centrais de cogeração em Espanha, com uma capacidade instalada de 88 MW, informa ainda a holding.

Desempenho “bastante condicionado”

“Tal como na primeira metade do ano, os impactos da pandemia de Covid-19 continuaram espelhados nos principais indicadores operacionais e financeiros da Sonae Capital ao longo do terceiro trimestre”, comenta a holding. “Apesar do levantamento progressivo, desde maio de 2020, das medidas de restrição impostas pelo Governo, o desempenho da generalidade dos segmentos da Sonae Capital, com exceção da área da energia, manteve-se bastante condicionado”, referiu ainda.

No entanto, considera que “não é possível apresentar estimativas fidedignas acerca dos impactos operacionais e financeiros decorrentes da pandemia, dado que o clima de incerteza subsiste quanto à evolução dos níveis de contágio e ao seu efeito na economia. Dando seguimento a um plano de ação iniciado durante o primeiro trimestre do ano, em estrita ligação com as orientações das entidades competentes, a principal prioridade da organização continuou a ser o bem-estar e segurança de todos os stakeholders”, refere a holding.

Em simultâneo e “com o objetivo de mitigar os impactos da pandemia no desempenho das operações, a Sonae Capital atuou no sentido de proteger os seus níveis de resiliência, nomeadamente através do reforço de medidas de otimização de custos operacionais”, explicando que “todos os segmentos continuaram particularmente focados em otimizar a sua estrutura de custos, desde a linha de fornecimentos externos até custos com pessoal e custos com rendas que, apesar de não visíveis na linha de EBITDA, são particularmente relevantes em alguns segmentos, nomeadamente em Fitness e em Hotelaria”, refere.

Sonae Capital adotou o layoff simplificado

Relativamente aos custos com pessoal, “a Sonae Capital adotou o regime de layoff simplificado desde meados de abril em todos os seus segmentos, incluindo estruturas centrais, sendo a única exceção o segmento da energia”, procedendo à “revisão do plano de investimento com o surgimento e rápida propagação da pandemia, e como medida incremental de prudência, todas as necessidades de capex constantes do plano de investimento programado para 2020 encontram-se sujeitas ao escrutínio da Comissão Executiva da Sonae Capital”, adianta.

Para reforçar a liquidez, “o plano de monetização de ativos imobiliários tem continuado a contribuir para o financiamento da Sonae Capital”, informou. Em paralelo, explica que “desde o final de 2019, a Sonae Capital tem vindo a trabalhar o refinanciamento da sua dívida junto dos principais bancos, visando não só otimizar a maturidade média e o custo da dívida, mas também procurando reforçar a liquidez, no sentido de fazer face a todas as necessidades de financiamento”, adianta. No final dos primeiros nove meses de 2020, “a Sonae Capital dispunha de 81,2 milhões de euros em cash e linhas disponíveis”, refere.

No terceiro trimestre de 2020, na área da energia, esclareceu que “a atividade de produção continuou a decorrer num contexto de relativa normalidade, dado que todas as unidades fabris se mantiveram a operar”. Mas devido à pandemia, “o consumo de energia térmica foi menor do que o projetado em algumas das unidades”, explica. Quanto à operação de Mangualde, “após a conclusão da fase de testes, que teve início em junho, a produção de energia elétrica e energia térmica atingiu uma fase de cruzeiro no final do terceiro trimestre”.

Proteger necessidades de fundo de maneio

Tal como previamente reportado, “o aumento da volatilidade dos mercados em que a atividade de trading e comercialização atua – de licenças de emissão de CO2, eletricidade e gás natural – tem conduzido a um abrandamento preventivo da atividade, de forma a proteger as necessidades de fundo de maneio requeridas”, refere.

Na área da engenharia industrial, a “evolução do nível de encomendas manteve-se num patamar bastante reduzido, evidenciando a evolução negativa dos níveis gerais de confiança dos mercados em que a ADIRA atua”, refere. Para além de um esforço contínuo ao nível da otimização da sua estrutura, “a ADIRA continua a apostar na sua atividade comercial (em especial diversificando mercados, procurando novos agentes e disponibilizando soluções de financiamento aos seus clientes), com o objetivo de garantir que a sua posição sairá fortalecida assim que os níveis de incerteza se começarem a dissipar”, considera.

No segmento de fitness, a Sonae Capital destaca a “reabertura dos primeiros 21 clubes, que ocorreu em 1 de junho, tendo sido os mesmos definidos de forma a garantir uma cobertura de serviço capaz para todos os sócios, numa lógica de proximidade e, desde essa altura até ao dia 1 de julho, procedeu-se à reabertura de mais 13 clubes”. Como corolário de um trabalho de reposicionamento, “a SC Fitness lançou, no final do trimestre, os primeiros dois clubes da marca Element”, informa. Sendo uma oferta verdadeiramente low cost, “esta irá garantir uma maior adequação aos níveis de procura, particularmente, num contexto de menor rendimento disponível que se perspetiva”, acrescenta a holding.

Desaceleração na angariação de novos sócios

O mês de setembro “foi marcado pelo tradicional lançamento de campanhas de angariação e, apesar de algum sucesso inicial, em linha com as expectativas, a entrada de Portugal em estado de contingência, associada à evolução do número de casos de Covid-19, provocou uma desaceleração nos níveis de angariação de novos sócios, ao mesmo tempo que se assistiu a um incremento das suspensões e cancelamentos”, refere igualmente. Neste âmbito, a holding considera que “persiste alguma incerteza acerca da evolução da pandemia e consequente impacto no sector”.

Na hotelaria, refere que o mês de Junho foi “marcado pela abertura progressiva de todas as unidades, com excepção do The Artist, no Porto, que permanece encerrado”. Todas as unidades têm seguido “rigorosos planos de segurança e encontram-se certificadas com o selo Clean & Safe”, refere. No destino Business & City Break, “a atividade das unidades localizadas no Porto encontra-se amplamente dependente da evolução do sector da aviação, que permanece em níveis muito inferiores ao histórico”, comenta.

No destino Sun & Sea, “dada a sua especificidade, Tróia foi a operação que melhor tirou partido da estação de verão, embora aquém do registado em períodos homólogos”, adianta. E no Aqualuz Lagos, “a atividade sempre esteve muito dependente de mercados internacionais, nomeadamente o Reino Unido”, refere, esclarecendo que “o desempenho manteve-se limitado por taxas de ocupação bastante reduzidas”.

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