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Miguel Velez. “Faz sentido a Unlock ir para fora, mas para onde possa abrir dois, três ou cinco hotéis”

Miguel Velez fundou a Unlock – com o britânico Adrien Bridge – há pouco mais de cinco anos. Hoje gere 16 hotéis e pensa abrir mais seis a oito nos próximos três anos. A internacionalização é o caminho, mas em geografias em que a empresa possa abrir mais do que um hotel.
22 Abril 2022, 17h05

A Unlock gere neste momento 16 hotéis em Portugal. No próximo triénio quantos pensam gerir?
Mais seis ou oito hotéis, dentro daquilo que é o panorama nacional.

Porque essa limitação?
Primeiro, porque Portugal é um país relativamente pequeno. Por exemplo, em Évora já temos dois hotéis em alojamento local. Ora, não faz sentido ter muito mais em certos distritos. Dentro dos destinos em Portugal – nos quais gostaríamos de estar, mas que ainda não estamos presentes – não podemos ter uma exposição que depois põe a concorrer hotéis do grupo contra outros hotéis do grupo.

Como assim?
Podemos ter hotéis complementares, como temos em Évora. Temos hotéis boutique dentro do centro histórico, e depois conseguimos fazer uma gestão conjunta. Mas é preciso valorizar o conjunto, ser competitivo. E aí estamos limitados. O país tem a dimensão que tem, os destinos são o que são…

Portanto, a partir daí os caminhos que se põem são os da internacionalização, correto?
A partir daí e eu diria que até antes. Ou seja, se aparecer uma oportunidade em destinos em que as sinergias sejam claras com aquilo que temos montado. Destinos em que possamos ter mais do que um hotel. Faz sentido ir para um país, ou uma região, mas com o plano de ter dois, três, quatro ou cinco hotéis dentro dessa mesma região. O que nós fazemos numa gestão de hotéis em conjunto é pegar numa estrutura de custos fixa e dividir por vários hotéis. Em rigor o nosso negócio é esse.

O mais óbvio é começar por Espanha…
O caminho natural é o de Espanha, sim. Ou França. São destinos sobejamente falados, em que já tivemos propostas. Também tivemos de Itália, mas aí é muito longe. Para início de história é mais natural Espanha, pela fronteira e pelo circuito que temos, transportando os clientes de um lado para o outro. Como também é França, pela proximidade com alguns pontos fortes que também temos, nomeadamente os vínicos.

Quando fala em “atitude de hotel boutique” a que se refere?
Dou-lhe um exemplo. Sabe qual foi a primeira coisa que fizemos quando, em março, saiu o primeiro confinamento? Pagámos a todos os fornecedores todas as faturas, independentemente do período de pagamento das mesmas. E a seguir enviámos uma mensagem: vamos estar cá, daqui até ao fim. Em dezembro passado fizemos o mesmo: independentemente do prazo das faturas, nós pagámos a todos.

Porquê?
Porque em alguns hotéis, o pão que usamos é o pão local, comprado na padaria ali ao lado. E nós somos o principal cliente. Nós trabalhamos muito com fornecedores locais. Se nós falharmos, para eles é complicado. Como era Natal pagámos todas as faturas antecipadas. Sem dizer nada a ninguém, sempre perguntarmos nada. Felizmente podíamos porque o ano nos correu bem. Ser boutique é uma atitude. É isso mesmo.

E é difícil aplicar essa filosofia na empresa?
Hoje em dia é muito difícil conseguir passar esta mensagem para todos os que trabalham connosco. Mesmo nas operações. Porque, muitas vezes, o empenho na operação nem sempre permite a atenção que gostaríamos de ter para com os clientes. É muito difícil contratar, falta-nos recursos nos hotéis e não conseguimos, muitas vezes, competir com alguns grandes hotéis, naturalmente. Portanto, nós temos de ter pessoas que gostem da atitude boutique e que queiram trabalhar para os clientes dos hotéis boutique.

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