A mineradora australiana Syrah anunciou hoje que recebeu a primeira tranche, de 49,5 milhões de euros para investir numa mina de grafite moçambicana.
Esta primeira tranche faz parte de um empréstimo norte-americano de 150 milhões de dólares (140 milhões de euros), indicou.
Em comunicado enviado aos investidores, a Syrah refere o primeiro do desembolso, de 53 milhões de dólares (49,5 milhões de euros), visa apoiar as operações na mina que explora em Balama, no norte de Moçambique, incluindo a expansão da mina e a sua sustentabilidade.
Um novo desembolso de 47 milhões de dólares (43,9 milhões de dólares) está previsto para outubro de 2027.
Este empréstimo foi aprovado pela International Development Finance Corporation (DFC), sendo o primeiro do género da instituição de financiamento ao desenvolvimento do Governo dos Estados Unidos (EUA), para uma operação de mineração de grafite.
A empresa, cuja atividade em Moçambique é feita pela subsidiária Twigg Mining and Exploration, em Cabo Delgado, justificou anteriormente o investimento com “a importância da Balama para reforçar a cadeia de abastecimento dos EUA” em “minerais críticos”.
“O empréstimo da DFC apoia a Syrah na gestão das condições voláteis do mercado de grafite natural no curto prazo e continua operações em preparação para o aumento das vendas aos clientes de ânodos”, acrescentou.
A firma australiana está também a construir a Vidalia, EUA, uma fábrica de material para baterias, que será alimentada com minério moçambicano, neste caso com duas toneladas enviadas em abril do ano passado, segundo dados anteriores da Syrah.
A produção em Moçambique de grafite, minério utilizado em baterias elétricas, recuou 40% no primeiro semestre de 2024, devido à paralisação e interrupção de atividades em duas minas, referem dados oficiais.
A execução orçamental de janeiro a junho indicou que Moçambique produziu neste período 34.899 toneladas de grafite, 11% da meta estipulada para este ano, que é de 329.040 toneladas, o que compara ainda com as 58.708 toneladas nos primeiros seis meses de 2023.
Este forte decréscimo resulta “da paralisação das atividades” da GK Ancuabe Graphite Mine, desde 2023, bem como da interrupção das atividades da Twigg Mining and Exploration, “devido à baixa demanda por este mineral no mercado internacional, aliada à volatilidade de preços”.
A mina de grafite de Balama estreou-se no primeiro semestre na exportação daquele minério para um fabricante de baterias indonésio, que comprou 10 mil toneladas, anunciou, em abril, a Syrah.
De acordo com uma informação divulgada aos mercados pela Syrah, tratou-se da “primeira venda de grandes volumes” de grafite natural de Balama para a Indonésia, adquirido pela empresa BTR New Energy Materials.
Segundo a Syrah, trata-se do “primeiro grande volume de venda de grafite natural para um participante da cadeia de fornecimento de baterias fora da China”.
“Esta venda a granel segue-se a um envio experimental de contentores de finos de grafite natural de Balama para a Indonésia” no primeiro de trimestre de 2024, explicou a mineradora, acrescentando que esta exportação “é mais um desenvolvimento importante” na estratégia de diversificação de vendas.
A mineradora acrescentou que a empresa BTR New Materials Group está a construir na Indonésia uma fábrica de baterias de 478 milhões de dólares (429 milhões de euros), “que deverá iniciar a produção em 2024”, prevendo igualmente novas vendas daquela mina para a empresa.
Moçambique espera produzir este ano mais de 329.040 toneladas de grafite, matéria-prima necessária à produção de baterias para viaturas elétricas, o que seria um aumento superior a 180% face ao desempenho de 2023, segundo a previsão do Governo.
No documento de suporte à proposta do Plano Económico e Social do Orçamento do Estado para 2024, o Governo afirmava que a produção da grafite “vai aumentar significativamente”.
Moçambique produziu 120.000 toneladas de grafite em 2020, desempenho que caiu para 77.116 toneladas no ano seguinte, enquanto as estimativas para 2022 e 2023 foram, respetivamente, de 182.024 e 117.416 toneladas.
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