Com o esforço de todos, estamos a conseguir ultrapassar esta grave crise de saúde pública que surgiu de forma tão repentina e intensa, e que alterou por completo a nossa vida e a vida de todas as empresas, instituições e atividades económicas. Mais de um ano após o início desta pandemia, tudo mudou e muito. Estamos seguramente mais distantes uns dos outros do ponto de vista físico, mas muito mais perto de coração de cada um, ligados agora por correntes digitais que pensávamos mais supérfluas.

Contudo, o caminho ainda é longo. Pouco mais de 6% da população está imunizada por vacina, o que nesta fase de desconfinamento mais generalizado nos faz continuar a ter cuidados redobrados, pois a atitude individual de cada um e a responsabilidade coletiva de todos serão decisivos para conter a propagação desta pandemia.

E se durante este último ano foi fundamental o desempenho excecional dos nossos profissionais de saúde, hoje impera um agradecimento muito sentido a todos os trabalhadores, empresários e empreendedores de todas as outras áreas, que lutam diariamente pela sustentabilidade das suas empresas, pela manutenção dos postos de trabalho, emprestando ainda uma boa parte da sua energia a iniciativas de apoio aos que se encontram em maiores dificuldades.

Ao Estado caberia um papel mais interventivo e de proteção, a nível central e local, uma vez que, prestes a entrar em período eleitoral, e em vez de promessas, poderia ter lançado outras medidas de alívio fiscal, como a diminuição do IMI às empresas e famílias, ou a componente variável dos 5% do IRS de receita local, aliviando os custos de todos durante o ano de 2020 e atenuando a quebra dos rendimentos das famílias, pois são essenciais para que, após a epidemia, haja economia, emprego e rendimentos.

E no mês em que se assinalou um ano desde o primeiro caso de Covid-19 em território nacional, o desemprego tem sido um verdadeiro drama e registou um novo aumento em Portugal. Os dados divulgados esta semana pelo IEFP revelam que em março passado, mês em que o país se encontrava ainda a cumprir o segundo confinamento geral obrigatório, o número de desempregados inscritos nos centros de emprego voltou a subir, atingindo o valor mais elevado do último ano.

Pelo quarto mês consecutivo, o desemprego registado sobe exponencialmente e em cadeia. Segundos os ‘dados oficiais’ do Governo e apenas contabilizando os inscritos, hoje, um ano após o início desta pandemia, o valor está no pico, no nível mais alto da era Covid, e cresce mês após mês consecutivamente. Para se ter em conta esta fatídica situação que atinge pelo menos mais quase 120 mil portugueses, e se tomarmos como referência o período pré-pandemia de fevereiro de 2020, o impacto da crise pandémica no emprego é que o aumento dos desempregados inscritos é de mais 37,1% (mais 117.289 pessoas), o patamar mais elevado desde o início da pandemia e o maior pico dos últimos quatro anos, recuando a números de maio de 2017.

E este é, seguramente, o maior drama que atravessamos, e neste período de desconfinamento em que mantemos o otimismo quanto ao futuro, é urgente começar a preparar com apoio do Estado, a recuperação e revitalização da nossa economia, de forma a atenuar, estes impactos negativos como o desemprego, garantindo um horizonte de crescimento. É o nosso futuro e subsistência coletiva que estão em causa. Não podemos hesitar nem cair em ilusões: temos futuro, mas temos de lutar por ele com todas as nossas forças.