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Mobilidade rodoviária emite mais de 23,5% do total dos gases com efeito de estufa

O Sistema de Etiquetagem Energética de Frotas, ainda numa fase embrionária, é uma forma encontrada pela ADENE – Energia para a Energia de procurar uma solução para reduzir as emissões.
14 Abril 2019, 14h00

Em Portugal, a mobilidade rodoviária é responsável por mais de 23,5% do total das emissões de gases com efeito de estufa (GEE), de acordo com dados da ADENE – Agência para a Energia. É que o natural desenvolvimento económico e social das sociedades provocou uma maior necessidade e capacidade de mobilidade das pessoas, que se traduz numa dependência dos combustíveis fósseis, em particular do petróleo, criando graves problemas ambientais.

Como forma de promover uma redução na mencionada percentagem de emissões de GEE, a ADENE tem vindo a trabalhar com algumas empresas e entidades públicas no sentido de desenvolver um projeto de certificação energética de veículos, no que respeita à mobilidade. O objetivo é alcançar menores custos na utilização dos diversos veículos e contribuir para uma redução da pegada ecológica – por exemplo, dados da ADENE indicam que uma condução mais ecológica pode reduzir os consumos dos veículos até 15%; e os Sistemas de Posicionamento Global, vulgo GPS, que já existem integrados em diversos veículos, já indicam a opção de uma rota com menor consumo de energia.

O setor dos transportes é, há várias décadas, um dos principais responsáveis pelo aumento das emissões de GEE e como forma de atenuar, ou controlar, essas emissões a Agência para a Energia criou o Sistema de Etiquetagem Energética de Frotas (SEEF), que ainda está numa fase embrionária, mas que tem o potencial de contribuir para uma solução.

O SEEF consiste num sistema voluntário de certificação que permite a qualquer organização detentora de uma frota de veículos rodoviários (o sistema ainda não existe para as frotas de veículos pesados de mercadorias) determinar o seu nível de desempenho energético em termos operacionais.  A metodologia de atribuição desta certificação é idêntica à etiquetagem de aparelhos elétricos para uso doméstico. Assim, as diferentes classes energéticas representam o desempenho energético global da operação da frota, permitindo à organização comunicar a classificação energética da sua frota numa ótica de responsabilidade social, associada a poupanças energéticas e de custos. O SEEF tem o potencial de contribuir para a redução dos consumos energéticos da frota, através da promoção de comportamentos e políticas energeticamente mais eficientes, mas há mais medidas a serem tomadas para melhorar a eficiência energética no que respeita à mobilidade.

A promoção de partilha do carro e o recurso a serviços de carro partilhado, através de empresas de carsharing, é uma outra medida possível, bem como a escolha do percurso que mais contribui na poupança de tempo, dinheiro e que reduza as emissões de dióxido de carbono (CO2). Recorrer a transportes públicos e veículos elétricos ou híbridos é outra opção. Por exemplo, segundo a ADENE, são precisos 60 carros, em média, para transportar 75 pessoas, o que corresponde à lotação normal de um autocarro. Outro exemplo de que o transporte elétrico é uma boa alternativa é o facto de já existirem carros elétricos com autonomia de 600 quilómetros. A este facto acresce a hipótese de os veículos a gasóleo deixarem de ser vendidos na Europa até 2040, sendo substituídos por outras tecnologias, incluindo os veículos elétricos.

De acordo com a Associação de Utilizadores de Veículos Elétricos, a quota de mercado em 2018 dos veículos 100% elétricos atingiu os 3% até ao mês de setembro, colocando Portugal no terceiro lugar do ranking da União Europeia, só ultrapassado pela Holanda e Áustria.

Como forma de incentivar o uso do veículo elétrico, o Estado português, através do programa Programa de Apoio à Mobilidade Elétrica na Administração Pública (ECO.mob), também está a dar o exemplo, prevendo a introdução de 1.200 veículos elétricos ligeiros na sua frota até 2023, numa ótica de substituição gradual do parque automóvel – desde 2017 que o ECO.mob está a ser implementado.

E também os modos suaves de mobilidade têm uma palavra a dizer. Municípios como Aveiro, Lisboa, Braga, Porto e Cascais têm investido em ciclovias e em sistemas de aluguer de bicicletas para se desloca. Um sistema a que se juntam as várias empresas de trotinetes elétricas partilhadas. Estes meios alternativos são rápidos, económicos, silenciosos e menos poluentes para deslocações em centros urbanos.

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