Mais sustentável, mais eletrificado, mais partilhado, são algumas das características que se apontam para o futuro da mobilidade, mas qual é a opinião dos players neste ramo sobre isto?
Mário de Morais, country manager Bolt, refere em entrevista ao Jornal Económico à margem de um evento da empresa para celebrar o dia da Mobilidade, que o futuro vai passar por existir uma aplicação única de mobilidade, e com isto a mobilidade passa a ser “um serviço”.
“A nossa visão é que tem de haver um operador, que é a plataforma, contudo continuam a existir vários operadores”, afirma. O objetivo é que os diversos operadores venham a integrar esta plataforma e que comuniquem. “Nós queremos ser a plataforma, e queremos que toda a gente venha para dentro desta plataforma”.
O objetivo é que esta plataforma se crie nos próximos cinco anos, o que é uma meta “ambiciosa” na opinião do country manager, contudo revela que já estou a dar passos nessa direção, “já temos a micro-mobilidade, os TVDE’s e os táxis, agora estamos a ter uma conversa para tentar que os transportes se integrem connosco e comecemos a ter os autocarros da Carris, os comboios da CP disponíveis mesmo a nível de bilhética, na nossa aplicação”.
A mobilidade tem sofrido grandes mudanças, nomeadamente com a entrada da tecnologia, o que já nos faz falar nos carros autónomos como uma realidade muito próxima, uma vez que já estão a ser testados em várias cidades.
“Se me perguntar se daqui a cinco anos teremos carros autónomos em Portugal, 90% de certeza que sim, mas se estes vão representar a maioria das viagens, não”, declara Mário de Morais. “Acho que vai ser uma adaptação, inicialmente devem ter percursos muito específicos. Contudo, acho que a massificação vai ser mais lenta”.
A sustentabilidade também foi uma das alterações que se verificou no setor da mobilidade, sendo que a frota de TVDE’s em Portugal cresceu de 10% para 30%. Na opinião do country manager este é um ponto positivo, contudo existe o desafio das infraestruturas, que não está a acompanhar a evolução. “Eu acho que estamos a chegar ao ponto limite de continuar a crescer os veículos elétricos. Isto é perigosíssimo para a sustentabilidade”.
“A conversa que queremos ter com as cidades é como é que podemos apoiar no investimento. Como é que os operadores privados podem ter um investimento sustentável para permitir que continue a crescer?”, refere.
Este investimento em infraestrutura pode ser feito quer pelas entidades públicas como pelas privadas, contudo “há uma necessidade do enquadramento legal permitir que este investimento(privado) seja feito e rentabilizado”, salienta.
Empresa continua a crescer a dois dígitos
2025 já passou de meio, e o balanço que a empresa faz é positivo, com um crescimento a dois dígitos e tem boas perspetivas para este ano. Apesar dos bons dados o setor enfrenta uma pequena escassez de oferta, que se tem mostrado inferior à procura.
Para combater esta falta de oferta a empresa tem apostado nas iniciativas com parceiros, e tem trabalhado com o IMT para “garantir que os exames dos motoristas tinham um contexto mais adequado”.
Para além deste desafio da oferta, Mário de Morais refere que ainda há outro, “precisamos de ajuda das cidades para permitir que os TVDE’s e os táxis ainda se desloquem mais, ou seja, que se limite mais ou crie desincentivos ao carro privado e garantir que o carro partilhado é mais disponível”.
A segurança é outro tema muitas vezes associado à mobilidade partilhada, neste contexto a empresa revela que já investiu cerca de 100 milhões de euros na Europa, tendo como objetivo o desenvolvimento de novas funcionalidades ligadas a segurança.
Uma das funcionalidades é a de deteção de viagens irregulares, “se o carro parar do nada será lançado um alerta para o cliente e para o motorista a perguntar se está tudo bem, se ninguém responder vai ser lançado um alerta para as autoridades a dizer que há irregularidades nesta viagem”, explica.
“Estamos a tentar precaver. Estes mecanismos são importantes para precaver qualquer tipo de problema”, sublinha.
Para além desta medida a empresa tem apostado na segurança para todos com o seu sistema de selfie checks, e tem feito uma maior integração com o IMT para verificar todos os motoristas, carros e operadores.
Sobre a possibilidade de lançar um serviço só para mulheres, como a sua rival lançou, Mário de Morais refere que esta funcionalidade existe, mas não está disponível em Portugal. “Temos zero casos de segurança reportados este ano, portanto não há nenhum caso que Tenha ido às autoridades, temos um setor seguro, e temos mecanismos e queremos investir para toda a gente”.
“Ao fazer uma categoria só para mulheres estou a passar a mensagem completamente errada, a dizer que o sector que as mulheres merecem uma segurança especial”, declara. “Não é uma categoria que valha a pena ter em Portugal”, sublinha.
Tagus Park – Edifício Tecnologia 4.1
Avenida Professor Doutor Cavaco Silva, nº 71 a 74
2740-122 – Porto Salvo, Portugal
online@medianove.com