As autoridades de Nipepe, província moçambicana do Niassa, esperam um impulso no desenvolvimento local com o arranque das novas atividades de extração e processamento de grafite, material utilizado nas baterias de carros elétricos.
“Foi um longo tempo e de certa forma podia ter-se sentido alguma demora, mas o dia chegou. Vai mostrar e dar maior esperança aos moçambicanos de que aquelas mil vagas, para os trabalhadores, poderão ser concretizadas, porque foi a promessa da empresa, de que haveria esperança de empregar um bom número de jovens”, disse à Lusa o administrador do distrito de Nipepe, Sérgio Igua.
Trata-se do primeiro processamento de grafite a nível da província do Niassa, norte de Moçambique, que arrancou em 05 de maio com uma capacidade inicial de produção de 100 mil toneladas por ano, quantidade que deverá duplicar após a conclusão da segunda linha.
A exploração de grafite naquela região está sob responsabilidade da empresa chinesa DH Mining Development Limited, que planeia investir mais de 1.970 milhões de meticais (27,3 milhões de euros) nas operações de produção.
A expectativa é de aumento da empregabilidade no distrito, que conta com cerca de 56 mil habitantes, sobretudo locais, para evitar conflitos, conforme defende o administrador Sérgio Igua: “Não estamos a dizer que não empreguem os outros, empreguem sim, mas tendo em consideração aquele que é o jovem natural, porque muitas vezes tem criado barulho para os que não percebem como as coisas funcionam”.
Para facilitar o processo de exportação de grafite, a DH Mining Development vai avançar com o seu transporte por via terrestre entre Nipepe e o porto de Nacala, na província de Nampula, seguindo depois por via marítima.
Em Muichi, que conta com esta área de extração, as reservas estão estimadas em oito milhões de toneladas de grafite, segundo dados da DH Mining Development, que garante que as reservas confirmadas do mesmo material em toda a província do Niassa ascendem a 50 milhões de toneladas.
A produção de grafite em Moçambique, para baterias de carros elétricos, recuou 64% em 2024, para 34.899 toneladas, um dos registos mais baixos dos últimos anos, segundo dados do Governo noticiados anteriormente pela Lusa.
De acordo com o relatório de execução orçamental do Ministério das Finanças referente a 2024, a redução, que corresponde a apenas 11% da meta de 329.040 toneladas de grafite estipulada para todo o ano, resultou sobretudo da paralisação das atividades da GK Ancuabe Graphite Mine, em 2023.
“Bem como a interrupção das atividades da empresa Twigg Mining and Exploration [do grupo australiano Syrah], devido à introdução no mercado internacional da grafite sintética, aliada a problemas laborais na empresa que culminaram com a paralisação das operações mineras”, lê-se no documento.
Moçambique produziu 97.346 toneladas de grafite em 2023 e um pico de 165.932 toneladas no ano anterior, segundo dados do Governo.
O grafite extraído na mina moçambicana de Balama pela mineradora australiana Syrah vai ser usado a partir de 2026 nas baterias da fabricante de carros elétricos norte-americana Lucid, considerada uma das mais avançadas do mundo.
De acordo com uma informação prestada aos mercados pela Syrah, trata-se de um acordo a três anos que envolve a fábrica Vidalia, daquele grupo australiano, nos Estados Unidos da América (EUA), que por sua vez é alimentada pelo grafite extraído no norte de Moçambique, prevendo o fornecimento, durante três anos, de sete mil toneladas de material de ânodo ativo de grafite natural (AAM, na sigla em inglês).
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