O professor e físico Mohan Munasinghe disse esta segunda-feira que os governos mundiais “estão cada vez menos capazes de resolver” os problemas relacionados com as alterações climáticas e aplaudiu a iniciativa que os particulares e empresas têm tido no âmbito da sustentabilidade.
“Estamos a poluir a água e o ar (…). A sociedade civil e o setor privado têm de trabalhar com os governos, não contra eles”, explicou o vencedor do Prémio Nobel da Paz em 2007, enquanto vice-presidente do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), da Organização das Nações Unidas.
O físico do Sri Lanka é o primeiro convidado do ciclo de encontros do Jornal Económico, do Grupo Bel e da Planetiers, que decorre na forma de um pequeno-almoço, na “Sala Belém” do Hotel Pestana Palace, em Lisboa. Este especialista da área ambiental apontou falhas de liderança mundial nesta temática e confessou, por esse mesmo motivo, que prefere falar sobre o clima neste tipo de encontros do que aqueles onde estão presentes apenas “primeiros-ministros”.
“Vemos pessoas, empresas e comunidades a dizerem: «Não concordamos com o presidente. Vamos fazer alguma coisa por nós». É um ótimo sinal”, afirmou, na conferência “O Mundo Depois das Alterações Climáticas”.
Na sua intervenção, salientou também a importância de “arranjar formas de a democracia funcionar melhor”, e comparou com o caso da China, onde, ainda assim, a subjugação ao poder político não impede o combate à pobreza. “Acho que a China tem feito mais progressos e está mais honesta”, justificou o académico srilanquês, que elogiou o regime de Pequim por ter retirado 600 milhões de pessoas da pobreza.
Mohan Munasinghe é presidente do Munasinghe Institute of Development (MIND), professor no Instituto de Desenvolvimento Sustentável da Universidade Federal do Pará, professor convidado da Universidade de Pequim e membro do Conselho Consultivo Internacional da SCI da Universidade de Manchester.
Em 2011, criou o Instituto Munasinghe para o Desenvolvimento, no Sri Lanka, que atribui bolsas a estudantes para estudos em áreas relacionadas como a sustentabilidade e programas de formação para o público em geral em vários países.
Em outubro de 2017, foi agraciado com o grau de Oficial da Ordem Nacional da Legião de Honra, pelo presidente francês, Emmanuel Macron. A mais alta condecoração honorífica francesa, entregue pelo embaixador da França no Sri Lanka, Jean-Marin Schun, e instituída por Napoleão Bonaparte, em 1802, deveu-se à sua “grande dedicação e experiência nos campos do ambiente, proteção e desenvolvimento sustentável, bem como a sua contribuição para o esforço global de preservação do planeta Terra”.
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