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Montenegro faz primeira mensagem com balanço dos aumentos de rendimento

“Somos um dos países mais seguros do mundo, mas temos de salvaguardar esse ativo para não o perdermos”, sublinhou Montenegro, que vê Portugal como “um referencial de estabilidade e um país de oportunidades”.
Portugal Luís Montenegro
André Crispim/Portal do Governo via Lusa
26 Dezembro 2024, 07h00

Menos impostos, mais salários e criação de riqueza foram temas dominantes na primeira mensagem de Natal que Luís Montenegro fez ao país enquanto primeiro-ministro, em que faz um balanço apressado dos quase nove meses de governo.

Das 41 frases do discurso, 10 foram destinadas a saudar os cidadãos, a abrir e a fechar a mensagem, com um sublinhado especial para os mais desprotegidos, doentes, desempregados ou vítimas de violência doméstica, também para quem está nos hospitais ou no serviço militar em missão no estrangeiro.

Das 31 frases restantes, apenas cinco foram de balanço, para explicar um ano de “viragem e de mudança”. Quase todas sobre salários, pensões e rendimentos.

“Decidimos baixar os impostos sobre o trabalho e sobre as pensões, e aprovamos mesmo o primeiro orçamento de que há memória que não aumenta um único imposto”, apontou Montenegro. “Adotamos medidas impactantes para os jovens que queremos fiquem e trabalhem em Portugal”, sublinhou, acrescentando, de seguida o acordo conseguido em sede de concertação social que aumenta o salário mínimo, depois “a valorização geral dos salários dos trabalhadores do estado” acordada com os sindicatos, e a atualização “sem truques” de todas as pensões.

Sobre o futuro, 16 das frases relevantes, metade destas, 38% do total, foram escritas a olhar para o futuro, com promessas em cinco áreas.

“Vamos continuar a reformar os serviços de saúde e a garantir uma escola pública de qualidade, desde a creche à universidade, sem esquecer o ensino profissional e tecnológico”, prometeu Luís Montenegro. “Vamos ser um país com mais mobilidade verde, melhores transportes públicos numa economia amiga e parceira da sustentabilidade ambiental”, acrescentou. “Vamos executar o maior investimento em habitação pública desde o realizado nos anos noventa e vamos incentivar a construção para a venda e arrendamento de casas a valores moderados”, garantiu.

Aqui surge a única referência a quem vem de fora: “Vamos promover uma imigração regulada, para acolher com dignidade e humanismo, aqueles que escolherem viver e trabalhar no nosso país”, disse.

Uma última para prometer “combater a criminalidade económica, o tráfico de droga e a criminalidade violenta”.

“Somos um dos países mais seguros do mundo, mas temos de salvaguardar esse ativo para não o perdermos”, sublinhou Montenegro, que vê Portugal como “um referencial de estabilidade e um país de oportunidades”, “num mundo em convulsão, com guerras militares e comerciais a gerar incerteza e imprevisibilidade” e “numa Europa apreensiva com a estagnação alemã e o défice e o endividamento francês”.

A finalizar, um apelo à “capacidade de superação” dos portugueses, e as referências à necessidade de criação de riqueza.

“Portugal tem tudo para criar mais riqueza!”, garante o primeiro-ministro. “Só criando mais riqueza, conseguiremos juntar os pais e avós com os filhos e netos de Portugal em Portugal”, afirma. “Só criando mais riqueza conseguiremos continuar a salvar o Estado Social, cumprindo a essência da democracia e da justiça, que é a igualdade de oportunidades”, acrescenta.

Oposição crítica

Para o PS, a mensagem de Natal do primeiro-ministro “contrasta com a realidade”, com as medidas tomadas pelo Governo que “cavalgam uma perceção de insegurança” e com a opinião do Presidente da República.

Marcelo Rebelo de Sousa apelou para que se recuse o “monopólio da verdade” e se superem “discriminações injustas” e sublinhou que para muitos o dia de hoje é apenas “o Natal possível”.

Num artigo de opinião publicado no Jornal de Notícias, lembrou “os milhões que nem sequer podem ter um dia em que a sua vida de miséria, de fome, de guerra, de exploração, de sofrimento, seja diverso de todos os demais”, bem como os doentes, os reclusos ou os servidores da causa pública “em missão nas mesmas lonjuras do universo”.

“A liberdade determinando diversidade de ideias, pluralismo de modos de pensar e agir, tolerância, aceitação da diferença, recusa do monopólio da verdade. A igualdade exigindo a superação das discriminações injustas, os guetos, as exclusões, a perpetuação da pobreza de geração para geração”, afirmou.

Na resposta à mensagem de Montenegro, a presidente da bancada parlamentar do PS, Alexandra Leitão, avisou que “não vale a pena traçar um quadro eleitoralista de um país que não é o que os portugueses conhecem”.

O PCP afinou pelo mesmo diapasão, com Jaime Toga, membro da Comissão Política do Comité Central dos comunistas a dizer que o primeiro-ministro descreveu “um país ao contrário” do verdadeiro e que “não cola com a realidade e com as dificuldades de milhões de portugueses”.

“O governo reconhece que Portugal é um país seguro, no entanto, tratar as pessoas com dignidade e humanismo não é encostá-las à parede como vimos nas operações dos últimos dias”, afirmou Aliyah Bhikha, da comissão política do BE, em reação à mensagem de Luís Montenegro, quando questionada pelos jornalistas.

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