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Montenegro inicia hoje visita oficial a Pequim para captar investimento

A viagem de cinco dias do primeiro-ministro inclui encontros com Xi Jinping e empresários japoneses para estreitar laços, atrair investimento e equilibrar balança comercial com a China.
Volta Nacional. 24 de Fevereiro de 2024
9 Setembro 2025, 07h00

É num clima de crescente desconfiança mútua entre a União Europeia e a China que Luís Montenegro inicia hoje a visita oficial a Pequim – nove anos depois de o anterior primeiro-ministro, António Costa, ter visitado a China em 2016 e de o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, ter estado no território em 2019. Esta viagem surge poucos dias depois de Xi Jinping, Vladimir Putin e Kim Jong-un se terem encontrado em Pequim no que foi visto pela União Europeia como um desafio direto à ordem internacional baseada em regras.

Em matéria comercial, a UE e a China são parceiros importantes, mas o atual desequilíbrio é grave, com um défice comercial que atinge os 305 mil milhões de euros a favor de Pequim. O principal objetivo da visita de Montenegro à China é melhorar a balança comercial entre Portugal e a segunda maior economia do mundo, devendo ser assinados alguns memorandos de entendimento na área agro-alimentar. Isto numa altura em que o bloco europeu voltou a exigir progressos em questões comerciais de longa data, recordando que os investimentos chineses na Europa podem beneficiar a competitividade, o progresso tecnológico e a criação de emprego de qualidade, desde que exista reciprocidade.

No Japão, o objetivo da visita de Montenegro passa por aumentar o investimento deste país em Portugal, estando em estudo uma parceria na área do espaço entre o CEiiA (Centro de Engenharia e Desenvolvimento, em Matosinhos) e uma empresa japonesa. A visita inclui também encontros com empresários japoneses para estreitar laços e atrair investimentos.

Assim, a agenda oficial arranca esta terça-feira, 9 de setembro, com uma cerimónia de deposição de coroa de flores no monumento aos Heróis do Povo, na Praça Tiananmen, seguindo depois para o Grande Palácio do Povo. Além do encontro com o Presidente da República Popular da China Xi Jinping, Luís Montenegro reunir-se-á antes com o presidente da Assembleia Popular Nacional da China, Zhao Leji.

Ao final da tarde, terá uma reunião de trabalho com o primeiro-ministro chinês, Li Qiang, estando prevista uma cerimónia de assinatura de instrumentos jurídicos. No dia seguinte, 10 de setembro, em Macau, Montenegro reúne-se com o Chefe do Executivo, Sam Hou-fai, visita a Escola Portuguesa e oferece uma receção à comunidade portuguesa, na Residência do Consulado-Geral de Portugal.

A visita ao Japão tem início em Tóquio, no dia 11, onde Luís Montenegro se reúne com o primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba. O programa inclui uma conferência de imprensa conjunta, um encontro no Keidanren (Federação Empresarial Japonesa), com a participação de altos representantes de empresas multinacionais japonesas, bem como um encontro com os atletas portugueses que participam no Campeonato Mundial de Atletismo. A deslocação termina em Osaka, dia 12, com a visita ao Pavilhão de Portugal na Expo 2025, subordinado ao tema “Oceano: Diálogo Azul”.

Integram também a comitiva o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, — que teve um encontro oficial com o seu homólogo chinês — e o ministro da Economia e da Coesão Territorial, Manuel Castro Almeida, além da presidente da AICEP, Madalena Oliveira e Silva. Ontem, o Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, reuniu-se em Pequim, com o homólogo chinês, Wang Yi, no Grande Palácio do Povo. Após a reunião, Paulo Rangel destacou o “papel único” que a China pode desempenhar na persuasão da Federação Russa a aceitar um cessar-fogo e a abrir caminho a um processo negocial tendente à paz na Ucrânia, sublinhando tratar-se de “um papel único, que poucas outras potências mundiais terão”.

O governante português classificou ainda o relacionamento entre Portugal e a China como “bastante desanuviado”, referindo existir uma convergência de pontos de vista em matérias relevantes da agenda internacional.

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