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Montepio paga bónus vitalício a 65 gestores: regalia custa 30 milhões de euros por ano

Esses bónus, que são atribuídos sob a forma de pensão paga 14 vezes por ano, para a qual nenhum dos beneficiários contribuiu ou contribuirá, são financiados exclusivamente por entregas da associação mutualista e do banco, notícia hoje o jornal Público.
12 Maio 2025, 11h14

O grupo Montepio já assumiu quase 30 milhões de euros em responsabilidades com pensões vitalícias atribuídas a 65 gestores, no ativo, reformados ou exonerados.

Segundo o jornal Público, o grupo Associação Mutualista Montepio Geral (que inclui o Banco Montepio e da Montepio Valor) paga uma pensão vitalícia a atuais e ex-gestores que não resulta de qualquer contribuição. Na lista estão Tomás Correia, Carlos Tavares e Vítor Melícias e a fatura já pesa nas contas.

Esses bónus, que são atribuídos sob a forma de pensão paga 14 vezes por ano, para a qual nenhum dos beneficiários contribuiu ou contribuirá, são financiados exclusivamente por entregas da associação mutualista e do banco.

Trata-se na prática de uma regalia oferecida pelos 610 mil mutualistas a gestores da associação, do Banco Montepio e da Montepio Valor, a maioria sem vínculo profissional ao grupo, e que, segundo o Público, cria pressão adicional sobre a sua solidez e retira rendimentos aos associados que aplicam as poupanças na maior instituição da economia social do país.

Conhecido internamente como o “bónus dourado”, este regime garante uma pensão adicional equivalente a 5% do salário anual por cada ano de mandato, e tem vindo a ser alargado ao longo das últimas décadas, mesmo depois a autonomização das administrações do banco e da associação mutualista, em 2013, revela o Público.

O Público cita exemplos, o ex-presidente da Associação Mutualista, Tomás Correia, faz parte do grupo de reformados que já recebem as pensões vitalícias. No seu caso, no valor de 1,67 milhões, valor ao qual acresce ainda 12.430 euros mensais referentes a um bónus de 5% sobre a última remuneração bruta por cada ano de trabalho, há anos em vigor no grupo. Já Carlos Tavares, que foi presidente do banco entre 2018 e 2022, recebe mensalmente 4,9 mil euros mensais de pensão vitalícia. Também por ter sido presidente do Montepio, o padre Vítor Melícias, reformado há mais de 20 anos, recebe 6,5 mil euros mensais do grupo.

O jornal detalha que este regime foi criado originalmente para compensar cinco administradores que exerciam funções na associação e no banco sem receberem salário direto, mas entretanto, a norma perdeu o seu caráter excecional. Atualmente, estão abrangidos Pedro Leitão, presidente do Banco Montepio, e Virgílio Lima, presidente da Associação Mutualista Montepio Geral (AMMG), cujas remunerações servem de base ao cálculo das pensões vitalícias, mesmo que os mandatos não tenham sido concluídos. Segundo o Público, basta ano em funções para garantir o direito à bonificação.

De acordo com o jornal, no final do ano passado, dos 65 beneficiários, 14 receberam o bónus do Fundo de Pensões da Associação, num total de 11 milhões de euros, de acordo com os valores apresentados pelo jornal. Aqui, incluem-se apenas cinco executivos, dois exonerados e sete reformados. Já do Fundo de Pensões do Banco, a 31 de Dezembro de 2024, saíram 16 milhões de euros em pensões vitalícias, atribuídas a 51 gestores, três da Montepio Valor e 48 atuais e ex-membros dos órgãos sociais e parassociais do Banco Montepio.

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