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Moody’s altera perspetiva dos ratings da banca para negativa e alerta para novos riscos

A perspectiva da Moody’s para os bancos globais em 2020 é negativa. “A desaceleração do crescimento económico, baixas taxas de juros e condições operacionais mais voláteis aumentarão os desafios para os bancos”, diz a agência de rating que alerta para riscos de nova escalada de liquidações de bancos.
5 Dezembro 2019, 11h32

As perspectivas para os bancos globais para 2020 tornam-se negativas por causa da desaceleração das economias e das tensões comerciais, diz a Moody’s.

As perspectivas para os bancos globais mudaram para de estáveis para negativas à medida que o crescimento económico se tornou mais lento, as taxas de juros mais baixas e as condições operacionais ficaram mais voláteis. Estes factores “aumentarão os seus desafios de crédito”, disse a Moody´s Investors Service num relatório publicado hoje.

“A desaceleração do crescimento económico, baixas taxas de juros e condições operacionais mais voláteis aumentarão os desafios de crédito para os bancos”, refere a agência de rating.

Já ontem o Banco de Portugal tinha referido no Relatório de Estabilidade Financeira, que a política do BCE das taxas de juro baixas e negativas, pode levar os bancos portugueses a assumirem risco em excesso, seja através da deterioração dos critérios de concessão de crédito ou da exposição à dívida pública. A crescente exposição às dívidas soberanas são um risco para os bancos que precisam de almofadas de capital significativas para cobrir um risco de mercado.

“Os riscos são uma desvantagem para os bancos”, disse Simon Ainsworth, AMD-Banking & Insurance da Moody’s. “O aumento do risco de recessão nos EUA e na Europa, juntamente com o crescimento lento da área APAC [Ásia Pacific] e dos mercados emergentes, levará à deterioração da qualidade dos empréstimos e a custos mais altos com provisões para crédito”.

A Moody’s é mais uma instituição a criticar a política do BCE de baixas taxas de juro para evitar a recessão.

“Um retorno à flexibilização monetária [quantitative easing] e o uso de taxas de juros negativas em algumas regiões aumentam as pressões sobre a rentabilidade. Os bancos enfrentam desafios específicos ao repassar as taxas negativas aos depositantes de retalho. Os bancos com estruturas de custos mais altas serão os mais atingidos, reabrindo questões sobre a viabilidade a longo prazo de certos modelos de negócios. Os [fracos] resultados líquidos continuarão a ser uma fraqueza de crédito para muitos sistemas bancários, principalmente na Europa”, justifica a Moody’s.

As tensões comerciais entre os EUA e a China parecem enraizadas, com consequências negativas para os bancos nesses países, bem como em outras economias orientadas para a exportação e ainda para os bancos que financiam o comércio, refere a agência.

Moody’s alerta para o “financial market sell-off”

É provável que as tensões comerciais resultem na deterioração da qualidade do crédito dos bancos na Ásia e nos EUA, e existe o risco de uma nova escalada desencadear uma nova liquidação do mercado financeiro, alerta a Moody’s.

Também o falhanço de um acordo comercial entre o Reino Unido e a UE após o Brexit enfraqueceria o setor bancário do Reino Unido.

As tecnologias disruptivas continuarão a impulsionar a inovação em certos segmentos de negócios, principalmente nos serviços de pagamento. “Os bancos estão a ter que investir pesadamente em inovação digital para defender seus negócios de uma onda de novos operadores digitais”, disse Antonello Aquino AMD-Banking & Insurance da Moody’s. “Até o momento, pequenas empresas financeiras baseadas em tecnologia não foram uma ameaça real para os negócios principais dos históricos grandes bancos. No entanto, a disrupção dos serviços de pagamento está avançada e esperamos uma maior invasão da Big Tech nos serviços financeiros”, conclui.

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