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Moody’s: Portugal seria um dos países com maior risco para cortar a dívida em caso de estagnação na zona euro

Num ambiente de baixo crescimento a longo prazo e inflação persistentemente baixos, os soberanos da zona euro teriam mais dificuldade em diminuir a dívida, assinala a Moody’s, que num relatório identifica Portugal, Grécia, Itália e Chipre como os países com maior risco.
20 Janeiro 2021, 18h10

A pandemia aumentou o risco de estagnação económica para a zona euro, num cenário que levantaria desafios particularmente a países como Portugal, que teria dificuldades acrescidas para diminuir a dívida pública. O retrato é de um relatório da agência de notação financeira Moody’s, que faz um paralelo com a experiência japonesa na década de 90, mas encontra diferenças essenciais.

“Num ambiente de baixo crescimento e inflação persistentemente baixos, os soberanos da zona euro teriam mais dificuldade em cortar a dívida. Portugal, Grécia, Itália e Chipre estariam em maior risco, enquanto a Alemanha e a Holanda estariam melhor posicionadas”, refere o relatório “Covid-19 will reinforce credit-negative risks of secular stagnation in the euro area“, publicado esta quarta-feira.

Num cenário de estagnação económica, a agência alerta que os bancos da zona euro teriam mais dificuldade em preservar os lucros, o que aumentaria os efeitos do enfraquecimento da qualidade dos ativos, enquanto as empresas teriam desafios crescentes com a quebra dos lucros e um atrasado na desalavancagem.

“O lento crescimento económico nos mercados domésticos provavelmente iria levar a longo prazo as empresas a olhar para as M&A no longo prazo à procura do crescimento externo ou sinergias de custos”, referem ainda os analistas.

O relatório da Moody’s põe a tónica no impacto da pandemia para o risco de estagnação na zona euro, considerando o potencial para um crescimento ainda mais lento a longo prazo e um período mais longo de taxas de juro extremamente baixas, impulsionadas por fatores como um novo aumento na poupança sobre os investimentos.

Este cenário leva a agência a refletir sobre possíveis comparações com o caso japonês na década de 1990, no entanto, Laura Perez, da Moody’s e autora do relatório, salienta que “no caso da zona euro entrar num cenário semelhante ao do Japão, as implicações no crédito em todos os sectores seriam no geral negativas. No entanto, a magnitude dos efeitos seria muito diferente”.

“Embora a zona euro tenha apresentado baixo crescimento e taxas de juro muito baixas impulsionadas por fatores seculares que eram amplamente semelhantes aos do Japão nas últimas décadas, existem diferenças. A diferença mais importante entre as duas regiões está relacionada com a estrutura da zona euro, segundo a qual os países partilham uma moeda única e efetivamente uma taxa de câmbio fixa entre si”, vinca o relatório.

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