Está a decorrer até ao próximo dia 16 de junho a Consulta Pública do Projeto do Complexo Solar Fotovoltaico do Sado, proposto pela empresa Tecneira – Tecnologias Energéticas, e que promete ser uma das maiores centrais solares do país, num terreno com mais de 1.200 hectares.
Com 600 megawatts (MW) de potência, a área em estudo para instalar o complexo solar fotovoltaico do Sado situa-se entre os concelhos de Alcácer do Sal e Grândola, no distrito de Setúbal.
Nesta fase de consulta pública do EIA (Estudo de impacte ambiental) haverá propostas para tentar mitigar um impacto, o que se revelará uma tarefa impossível dada a dimensão gigantesca do parque solar.
Entretanto já há uma Petição a correr contra o abate de 1.200 hectares de sobreiros, pinheiros mansos e eucaliptos nos concelhos de Grândola e Alcácer do Sal.
Os moradores pedem à Assembleia da República, ao Primeiro Ministro, à Ministra do Ambiente e aos Presidentes das Câmaras de Grândola e Alcácer do Sal, que travem a construção do mega-parque solar e querem que não seja aprovada a proposta de definição de âmbito ( PDA) – Complexo Solar Fotovoltaico do Sado, 600MW, nas áreas dos concelhos de Alcácer do Sal e Grândola, nas freguesias da Comporta, União das Freguesias de Alcácer do Sal (Santa Maria do Castelo e Santiago) e Santa Susana, e União das freguesias de Grândola e Santa Margarida da Serra.
Se o projeto for em frente produzirá o equivalente a 3% de toda a eletricidade consumida hoje no país, segundo o Expresso.
“Este projeto não deve avançar porque vai ter consequências ambientais, sociais e económicas significativas. A questão ambiental vai ter consequências irreversíveis, com uma significativa perda de biodiversidade, os pinhais servem de habitat a diversas espécies de fauna e flora, o abate pode levar à extinção local de algumas espécies e à deslocação de outras”, defendem os subscritores da Petição.
Os moradores lembram ainda que o sobreiro e a azinheira são espécies protegidas.
Os subscritores dizem ainda que “as raízes das árvores ajudam a fixar o solo, além de uma significativa redução da qualidade do ar, as árvores sequestram o CO2 e libertam oxigénio, a sua redução contribui para o aumento da pegada de carbono e piora a qualidade do ar” e por isso “vão existir alterações no ciclo hidrológico, pois a vegetação influencia a infiltração da água no solo e o escoamento superficial e o seu desmantelamento pode levar à diminuição dos lençóis freáticos e aumento de riscos de cheias, zona onde grande parte do terreno se situa”.
“A retirada de uma área florestal provoca claramente o chamado ‘efeito ilha de calor’, com aumentos significativos da temperatura na região”, dizem os moradores que acrescentam que “esta região tem um valor alto paisagístico e turístico, o que o seu desmantelamento pode diminuir drasticamente o apelo turístico da região”.
Entretanto, no âmbito da consulta pública, e a pedido dos moradores, está prevista manter um corredor de arborização da zona de proteção para não se verem os painéis.
O Complexo Solar Fotovoltaico do Sado é o mais recente projeto para construção de uma central solar de grande dimensão no litoral alentejano. Proposto pela empresa Tecneira – Tecnologias Energéticas, destaca-se pela vastidão do espaço que irá ocupar, pois a área de estudo para a sua instalação estende-se por uma área com 21.028 hectares, sendo que a área de implantação do projecto prevê a ocupação 1.272 hectares onde serão implantados 1.121.364 painéis solares, para produzir 600MW, ou seja, 1.571 GW anuais.
Um autêntico espelho gigante com mais de um milhão de painéis solares será instalado na Rede Natura 2000, na Comporta. O Complexo do Sado prevê 1,1 milhões de painéis para produção solar e 180 contentores para baterias. A área em estudo para a instalação abrange os concelhos de Grândola e Alcácer do Sal, incluindo a Comporta, conhecida pela oferta turística de alta qualidade.
Segundo o Observador, num raio de 20 quilómetros foram já sinalizadas várias áreas sensíveis em termos ambientais, como a zona especial de conservação Comporta/Galé e a reserva natural do estuário do Sado.
O projeto será constituído por uma central de 600 MW, um sistema de armazenamento de 300 MW, uma subestação elevadora e uma linha de muito alta tensão para ligar à rede elétrica. A localização foi escolhida em função do ponto de entrega contratualizado com a REN (Redes Energéticas Nacionais), o que projeta a localização para uma faixa territorial perto da costa e para concelhos onde há uma crescente competição com turismo e agricultura.
O local exato onde será instalada a Central do Sado, ainda não está selecionado, sendo que a zona é dominada por áreas florestais.
O promotor é a Tecneira, empresa do grupo ProCME da área da engenharia e construção, que em 2020 ficou classificada em segundo e terceiro lugar no processo para a atribuição de reserva de capacidade na rede elétrica lançado pela Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG). O investimento foi então avaliado em 440 milhões de euros e para além da produção e armazenamento previa integrar uma unidade de produção de hidrogénio, avança o jornal digital.
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